O saudoso deputado Pedro Ferreira era um homem espirituoso. Até nas adversidades ele reagia bem-humorado, igual ao que se deu ao explicar o motivo da derrota nas urnas ao tentar a reeleição em 1982.
- Perdi para o Más!
Isso mesmo; Pedro Ferreira dizia que havia perdido para o advérbio - que o professor Iuri Brandão nos corrige alegando que se trata de Conjunção. Diante dos curiosos, Pedro Ferreira explicava:
- Nos comícios no Sertão o Suruagy me elogiava, dizia que eu era o pai dos pobres, que eu era isso e aquilo de bom, mas, o Zé Bandeira também é.
Pedro e Bandeira disputavam os mesmos redutos no Sertão; Bandeira se elegeu e Pedro foi derrotado para a conjunção.
No episódio do pedido de trancamento das ações penais contra deputados, a Assembléia Legislativa também se serve da conjunção, mais precisamente do mesma conjunção que derrotou Pedro Ferreira, para impedir o julgamento da ação. Cabe agora aos deputados envolvidos nunca deixarem de ser deputados – senão, a ação é destrancada e, aí sim, poderão ser julgados como cidadãos comuns.
Alguém pode estar perguntando: e não disseram que acabaram com a imunidade parlamentar para crimes de homicídios?
Disseram. Mas...
Pois é; aí vem a conjunção para fazer a diferença. Disseram que acabaram com a imunidade parlamentar para crimes de homicídios, mas deixaram a brecha por onde se pode protelar o julgamento da ação.
E tudo depende do interessado. Se quiser protelar o julgamento até a morte pode. Basta não perder a eleição.
No episódio envolvendo o caso Cícero Ferro todos falaram bobagens; a imprensa errou mais porque não alertou o distinto público sobre a brecha na lei e ajudou a criar a expectativa novamente vã para a sociedade tantas vezes desiludida.
Pois é, caros amigos, cercou tá cercado. Ou melhor: trancou tá trancado.