O despacho do desembargador Orlando Manso deixa claro que a decisão de pedir o afastamento do deputado Cícero Ferro teve algo mais que as alegações dos autos. Teve também a mão firme da Justiça em resposta ao destempero do deputado, na bombástica entrevista ao radialista de Arapiraca, Alves Correia, quando disse o que não deveria ter dito.

Isto está demonstrado quando o desembargador Orlando Manso cita no despacho o cadminuto, que reproduziu a entrevista.

O que mais irritou os magistrados foi a afirmação do deputado contra a categoria; Cícero Ferro disse que tinha juízes ladrões e que sentia vontade de resolver isso com um tapa na cara. Os magistrados consideraram uma afronta e se sentem insultados.

O teor da entrevista é do conhecimento do ministro Gilmar Mendes – que teria orientado os magistrados na ação contra o deputado. É o que eles dizem.

A entrevista de Ferro desagradou também seus pares, ainda que hoje eles estejam solidários e não comentem publicamente a reprovação. Um deles me disse que Ferro foi inábil, mas considera a decisão da Justiça intromissão no Legislativo.

Mas, tudo indica que a decisão é apenas para demonstrar ao deputado que ninguém está acima da lei;  ele será afastado, mas retornará ao mandato com a cassação da liminar concedida pelo desembargador.