A segunda-feira amanheceu com mais uma greve dos professores
E o que querem dessa vez? O mesmo de sempre: eles dizem que querem a melhoria do ensino, mas não é verdade; ninguém faz greve para melhorar, exceto o salário. É também uma greve política, porque tem eleição prevista no sindicato.
A greve dos professores tem duas conseqüências sérias: o atraso do ano letivo e, o mais grave, a fome. É sabido que muitos alunos se alimentam nas escolas. Os professores em greve matam os pais de raiva e os filhos de fome.
E por que isso?
Porque o diabo inventou a profissionalização sem concorrência – e tudo sem concorrência é imoral, ilegal e engorda.
Antes não havia a profissionalização e o ensino era muito, mas muito mesmo, melhor. Infinitamente melhor. Por exemplo: fiz o Científico (hoje 2º grau) no Moreira e Silva; no terceiro ano a gente dizia, por ocasião da matricula, qual o curso que desejava fazer na universidade e então éramos distribuídos para uma turma específica.
Eu queria fazer Agronomia e me colocaram no 3º ano A, com ênfase para a área I do ensino superior. Tínhamos dois professores de Matemática – um de Álgebra e outro de Geometria; três de Física – Cinemática, Mecânica e Eletricidade/Ótica; dois professores de Português – Gramática e Literatura; dois professores de Química – um de Química Orgânica e outro de Química Inorgânica; dois de Biologia – Genética e Citologia.
Os professores de Física eram na verdade formandos de Engenharia; os de Química eram acadêmicos de Medicina, ou seja, não eram professores profissionais - ainda que muitos bons na didática. Que tempo bom, pois quem fazia greve era os alunos quando decidiam que um professor não tinha capacidade para ensinar.
Era bom para todo mundo: para nossos pais – que estavam tranqüilos quanto à qualidade do ensino; e para os universitários que podiam praticar nas salas de aulas, como professores, o que lhe ensinavam na universidade.
Mas, veio a desgraça da profissionalização sem concorrência e deu no que deu. Hoje, a educação não é prioridade nem para o professor. Uma pena.
E imaginem os senhores que professor e político formam a casta privilegiada da nação, pois ambos têm direito a três meses de férias por ano, enquanto os demais trabalhadores só gozam um mês. Se a greve se prolongar por mais de um mês, ser professor em Alagoas é a melhor profissão do mundo!
Enquanto o peão se arrebenta, o professor palita os dentes. Bem feito peão! Quem mandou não ser professor profissional sem direito a concorrente?
PS – Lembrando o Almanaque do Chico Buarque de Holanda, alguém responda, por favor: quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor?