Alguma coisa está fora da ordem em Alagoas, no que se refere à autoridade policial. Enquanto os assaltantes agem livremente nas rodovias federais, a Polícia Rodoviária Federal foi a União dos Palmares prender uma humilde proprietária de uma quitanda na periferia da cidade – que exige garantia para vender fiado.

Poderia exigir cheque pré-datado, mas a clientela humilde só dispõe dos cartões do governo. A operação da Polícia Rodoviária Federal é mais uma pirotecnia policial, promovida para dar a falsa impressão à sociedade que estão trabalhando. Não estão não; lugar de patrulheiros rodoviários é na estrada, cuidando da segurança do cidadão.

Nos últimos trinta dias, seis ônibus da linha interestadual foram assaltados sem que a Polícia Rodoviária Federal sequer tivesse aparecido para dar conforto às vítimas. Já é regra para os passageiros que embarcam em João Pessoa e Natal com destino a São Paulo, ao passarem em terras alagoanas, começarem a rezar para que se livrem dos assaltantes.

Ninguém apura nada e a Polícia Rodoviária Federal, que deveria estar cuidando da segurança nas rodovias, está se desviando – literalmente – da rota.

A sra. Lucimary da Silva, pequeníssima empresária no ramo de secos e molhados, não é nenhuma ameaça à sociedade. Sua prisão é um absurdo duplo, pela natureza do crime e pela autoridade policial que se desviou da função. A rídicula espetacularização, com direito a desfiles de rifles e patrulheiros encapuzados, mostrou uma polícia mirim.

Nota zero para a Polícia Rodoviária Federal em Alagoas. Zero duplo, porque é paga para cuidar da segurança nas rodovias e não tem desempenhado o seu papel como a sociedade espera e precisa, e porque puniu também o pobre cliente que não tem mais direito à alimentação – que só poderia obter mediante garantia.

Não é para isso que a sociedade precisa da Polícia Rodoviária Federal.