O senador Tasso Jereissati (CE), na sessão de terça-feira no Senado, não parecia o senador Tasso Jereissati da semana passada – que bateu-boca com o senador Renan Calheiros. No discurso apaziguador da terça-feira, ele até pediu desculpas a Renan pelo destempero da semana passada.

O que houve para o recuo?

Não foi auto-crítica, porque não é do feitio do coronel cearense se auto-avaliar; não foi mea-culpa, porque não é do feitio do coronel cearense penitenciar-se. Então, foi o quê?

Trata-se de seguir o conselho sobre o mal-lavado, que não deve falar do sujo, e vice-versa. A crise fabricada pelo PSDB no Senado – e eu escrevi várias vezes aqui sobre a falta de sinceridade nesse embate – não tem nada de preocupação com os bons costumes na política.

De ordinário, criam-se crises no parlamento em toda véspera de eleição majoritária. Faz parte do show para iludir o eleitor incauto – que vai na onda da mídia de aluguel.

O PSDB tinha ido longe demais para quem padece dos mesmos pecados, para quem pratica os mesmos crimes. É que, às vezes, eles perdem a noção da realidade e acreditam que são santos. Deixam-se levar pelos holofotes e se sentem honestos, melhores que os outros e capazes de fazerem a diferença. Agora façam!

O PSDB recuou porque o tiro dado em Sarney, para acertar Lula, saiu pela culatra e atingiu o atirador tucano.

Não me vanglorio pela comprovação do que escrevemos, porquanto isto significa que não temos os políticos que gostaríamos de ter, mas, permitam-me o desabafo: eu não disse que não havia diferença entre Sarney, Collor e Renan para Agripino Maia, Pedro Simon e Arthur Virgílio?!

Pois é, não existe mesmo. E a crise no Senado era apenas o ardil por onde o PSDB queria empurrar a candidatura do partido à sucessão de Lula. Nada mais que isso.

Sabe por que o PSDB recuou? Porque o senador Arthur Virgílio é réu dos crimes que denuncia nos outros. No popular: é o sujo falando do mal-lavado.