Em 2002, participei de um seminário sobre energia alternativa em Salvador e lá conheci a hoje ministra e candidata a presidenta da República Dilma Roussef. Ela foi uma das conferencistas, na condição de secretária estadual de Energia do Rio Grande do Sul, e eu já a conhecia de nome – ela foi uma das mulheres heroínas que seguraram no rabo-de-foguete, durante o regime militar. Foi guerrilheira.
No intervalo para o lanche eu me aproximei dela e disse-lhe que Alagoas produzia 2,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Ela respondeu:
- Se o seu Estado produz isso mesmo de gás natural e não tem uma termoelétrica, desculpe-me, mas é um Estado de otários.
Eu registrei isto. Na época eu estava na Gazeta e escrevia a coluna Fatos e Notícias; quem quiser comprovar é só consultar a coleção do segundo trimestre de 2002.
Confesso que fiquei impressionado com a franqueza, ainda que discorde da definição – não somos um Estado de otários, mas de maus políticos. A termoelétrica que deveria ser instalada em Alagoas está sendo instalada em Pernambuco – que não produz gás; o gás que vai mover a termoelétrica pernambucana é de Alagoas.
O pior é que esse desamor por Alagoas é antigo; na década de 60 o senador sergipano Lourival Batista conseguiu tirar o escritório da Petrobrás de Maceió e instalá-lo
A ministra Dilma Roussef é candidata à sucessão do presidente Lula e seria muito bom que o brasileiro experimentasse uma mulher na presidência da República, mas não pelo fato de ser mulher. Não é qualquer mulher, mas uma Dilma. Por que não?
Ocorre que estão preparando para Dilma Roussef o mesmo golpe que, em 2002, sepultou escandalosamente a candidatura de Roseane Sarney. Lembram-se? Então, o que é do inquérito sobre o dinheiro apreendido no escritório de Jorge Murad – que é marido duas vezes de Roseane? Lembram-se do bafafafá? Era tudo armação, só para a Roseane desistir. Como não desistiu por bem, ou seja, não atendeu aos pedidos, colocaram a polícia em cima.
O mesmo estão querendo fazer com Dilma Roussef; na crise fabricada pelo PSDB no Senado, o fim justifica os meios. Porque o otário acredita no que Tasso Jeireissati, Arthur Virgílio e Agripino Maia dizem.