O prefeito Cícero Almeida chegou onde não deixaram que Sandoval Caju chegasse na década de 60, porque fez o caminho inverso. Radialistas e ambos de origem humilde, Sandoval era do interior da Paraíba e Cícero é do interior de Alagoas.
Sandoval Caju se fez no rádio; Cícero Almeida se fez na televisão. Sandoval seria o governador de Alagoas se o golpe militar de 1964 não favorecesse seus adversários – que arranjaram um jeito de cassá-lo e processá-lo por corrupção. Nada ficou provado – era tudo sacanagem contra Sandoval, mas o objetivo foi alcançado, ou seja, livraram-se do incomodo.
O prefeito Cícero Almeida parece repetir a história, com a diferença de que é ele próprio quem traça o caminho para a forca. Almeida cava a própria sepultura política, por teimosia e por não saber que mais à frente lhe restará duas opções: aceitar o que eles querem ou enfrentar a avalanche de processos.
Na entrevista na manhã desta sexta-feira, ao radialista França Moura, o prefeito colocou mais lenha à fogueira ao se mostrar raivoso, irônico e fazer ameaças. Ora, já se disse que não se deve ameaçar ninguém; o que o prefeito sabe sobre os outros não cobre o que os outros sabem sobre o prefeito – até porque é um contra todos.
O que o prefeito não sabe, ou sabe e finge não saber, é como lhe tratam na ausência. Almeida está bem nas pesquisas com a opinião pública, mas na pesquisa entre os aliados a fama é de não cumprir com os acordos; de deixar amigo no meio do caminho; de ser personalista e arrogante; de merecer confiança mais ou menos, como se alguém pudesse ser mais ou menos confiável.
O prefeito diz que não é candidato a governador, e isto implica em duas conseqüências: 1) Se sair candidato, o prefeito faltou com a verdade ao negar a candidatura; 2) Se não for candidato, o prefeito estará deixando de cumprir o acordo com o empresário João Lyra, para entregar a prefeitura à filha dele em março de 2010.
Pois é; o prefeito Cícero Almeida que se prepare para enfrentar a maldição do segundo mandato.