A crise no Senado, fabricada pelo PSDB com apoio da mídia venal, não terminará tão cedo porque o objetivo é a eleição presidencial – que só vai acontecer no ano que vem. Não se trata de uma luta pela moralidade, pela ética, pela decência como querem fazer crer – e, mais uma vez, ludibriar a opinião pública.
Quem assistiu ao programa do Jô Soares na terça-feira, e não é desses telespectadores limitados no entendimento, percebeu a jogada – a Globo apóia José Serra para presidente da República e referenda a crise fabricada no Senado pelo PSDB. O resto é armação.
Os senadores José Sarney, Fernando Collor e Renan Calheiros não são melhores nem piores que os demais; no Senado não existe inocentes.
E como não há inocentes no Senado, é fácil se fabricar crises como subterfúgios. Agradeço aos comentários sobre o post anterior, acerca do embate Collor-Simon, mas devo esclarecer que nunca recebi dinheiro do senador Renan Calheiros e que estou aposentado, e muito bem aqui no cadaminuto – que já ultrapassou os 6 milhões de acessos, para nosso orgulho. Perdi faz tempo o tesão pelo jornalismo de papel – portanto, não pleiteio emprego no jornal do Collor. O internauta que comentou sobre o contrário errou na avaliação – eu apenas estou reafirmando que a crise no Senado é pura sacanagem e que o objetivo não é a moralização, mas a eleição presidencial.
Quem não gosta do Sarney, do Collor ou do Renan tem todo o direito; só não tem o direito de negar ao blogueiro o direito de desmascarar a farsa. Não vivo de escândalos e desde já aviso que serei, de agora em diante, o porta-voz da contra-informação para desmascarar o denuncismo que alimenta o engodo, igual àquele que alardeou uma bomba no relatório do Conselho Nacional de Justiça e viu-se que não passava de traque.
Entre os senadores Pedro Simon, Arthur Virgílio e Agripino Maia eu fico com Sarney, Collor e Renan porque eles são o que são, e os outros são o que não parecem ser. E, para mostrar que há jornalistas que não compactuam com o denuncismo barato, transcrevo parte do texto do jornalista Luiz Nassif publicado em seu blog nesta quarta-feira.
...Como a imprensa trabalha no mundo maniqueísta, tem sido incapaz de traduzir isso para o leitor. Continua dizendo que o Conselho de Ética é o Conselho de Ética, mas o que se está fazendo ali é política.
Do ponto de vista jurídico - diz esse observador - todas as representações contra Sarney podem ser derrubadas com dois minutos de argumentação. Considera todas extremamente frágeis.
Por exemplo, o Estadão, em mais de uma matéria em que o texto não entrega o que o título vende, insiste na tese de que o grampo na neta, pedindo emprego para o namorado, provaria que Sarney conhecia os tais atos secretos. Não prova nada. A suposta prova foi a dica do avô, para que procure Agaciel Maia. Ora, se a vaga pleiteada era na diretoria geral, quem arruma empregos lá é Agaciel. Sugerir que o procurasse não liga Sarney a nenhum ato secreto.
Além disso, a revelação dos atos de Arthur Virgílio ajuda a relativizar os supostos crimes de Sarney. O que é mais grave, diz o analista, o senador que faz um favor à neta, apenas sugerindo que procure Agaciel, ou Virgilio que admite na tribuna que manteve por mais de um ano um funcionário em Paris, abonando suas faltas, pagando pelo Senado inclusive horas extras?
No caso do crédito consignado, não existe um fato que mostre favorecimento. Pelo contrário, diz ele, a mídia omite informações que mostram o contrário. Quando assumiu, Sarney baixou um ato reduzindo os juros de 4,5% para 1,5% por um ato. O neto já estava descredenciado pelo HSBC. O faturamento da empresa dele no Senado correspondia a menos de 5% do Senado. Que favorecimento é esse?
No caso de nomeações de parentes, até o Supremo baixar a súmula do nepotismo, era uma prática disseminada por todo o país.
Ou seja, Sarney tem uma montanha de pecados, o filho está envolvido em inquéritos da Polícia Federal. Mas não existe nada, na sua atuação no Congresso, que possa consubstanciar uma condenação pelo Conselho