Faz tempo que Fernando Collor, hoje senador, não reage com tanta veemência e dureza a uma estocada. E olhe que foi uma estocada ínfima; o senador gaúcho Pedro Simon atacava o senador Renan Calheiros e citou Collor par ilustrar a facilidade como que Renan se compõe com os governos. Foi líder de Collor, ministro de FHC e homem de confiança de Lula.

Collor não gostou e ameaçou Simon, ao alertá-lo de que pode revelar fatos que não interessa ao senador gaúcho torná-los públicos. Se Pedro Simon insistir em citar seu nome em vão, da próxima vez o troco virá com revelações comprometedoras. Simon ficou sem jeito, porque sabe que Collor sabe de muita coisa – aliás, um ex-presidente da República guarda segredos de Estado.

Para o leitor e telespectador comum, a briga parece ser em defesa da ética, da moral e dos bons costumes; e os senadores Pedro Simon, Arthur Virgílio e Agripino Maia os guerreiros das virtudes que buscamos. Ledo engano.

Ao criticar Renan por se compor facilmente com os diferentes governos, Simon transforma-se no porta-voz do PMDB que sente inveja e ódio de Renan – que se tornou também maior que o partido. O PMDB de Renan é o que se mantém no poder; o PMDB de Simon vem à reboque e faz papel duplo – o Pedro Simon que hoje pede para Sarney sair é o mesmo que defendeu a candidatura de Sarney à presidência do Senado.

E por que mudou de opinião? Porque a chance de o PMDB de Simon derrubar o PMDB de Renan é compondo-se com o PSDB para eleger o presidente da República. Sacaram?

Sarney e Renan são os fiéis escudeiros do governo Lula no Senado e, para furar o bloqueio, o PSDB e o PMDB de Simon forjam crises com ajuda da mídia paulista – que torce, evidentemente, pela candidatura tucana.

A cisão no PMDB deu-se em Alagoas, quando a direção nacional do partido trouxe o candidato a presidente da República para um comício em Maceió e encontrou o diretório do partido fechado. Renan era contra o lançamento de candidatura própria e perdeu na convenção, mas não aceitou o resultado e simplesmente ignorou o candidato escolhido.

Particularmente, eu tenho muito medo de um governo do PSDB. Tenho medo de que entreguem novamente a educação a um dono de faculdades particulares – e ele se esforce para sucatear o ensino público; tenho medo que repitam o crime de “lesa-pátria”, que foi a venda da Companhia Vale do Rio Doce.

Já viram alguém vender uma mina sem saber quanto tem em ouro? Pois o governo FHC fez isso; ele vendeu a Vale do Rio Doce sem saber quanto o País tem realmente em minérios (ouro, especialmente) no subsolo.

Sendo assim, eu torço pelo Sarney e pelo Renan. Até porque Pedro Simon, Arthur Virgílio e Agripino Maia não merecem crédito.

 

Foto: Congresso em foco