Aquele conselho para entregar o anel e salvar o dedo não entra na cabeça do senador Renan Calheiros – que nunca se viu tão cercado por adversários; que nunca se viu tão agoniado às vésperas de uma eleição.

Como a mídia é pior que a língua da vizinha má, o senador anda com os nervos à flor da pele e tem estourado facilmente; por uma pequena bobagem Renan explode.

Mas, convenhamos, ele tem razão. Não está sendo fácil enfrentar as adversidades, e não é só porque elas vêm de frentes diferentes; é também por falta de costume. Pela primeira vez, Renan não estar conseguindo dar as cartas – e, pior, não tem mais a carta na manga.

Renan vai à luta em defesa do presidente do Senado, José Sarney, mas não é por solidariedade; é por sobrevivência. Quando sacolejam a cadeira de Sarney, querendo apeá-lo do poder, a cadeira de Renan também estremece.

A chance de Renan se reeleger senador está em Brasília – se perder o poder perde a pose. Seu eleitorado se concentrou na faixa conservadora e, na próxima eleição, Renan terá de gastar o que nunca gastou para se eleger.

Pesa contra o senador a dúvida sobre se é bom eleitoralmente tê-lo no palanque, depois de tanto desgaste. E também pesa a dúvida sobre a reação de alguns dos deputados estaduais afastados pela Operação Taturana e que lhe culpam pelo afastamento.

Renan vai à luta para defender Sarney, porque sabe que não deve entregar o anel nem perder o dedo. Vem mais baixaria por aí no Senado, porque Renan, Sarney, Agripino Maia, Arthur Virgílio, e outros, são fotocópias de uma matriz que a política brasileira produz indefinidamente.

Um pelo outro, sem diferença alguma.

Será uma luta violenta, porque a mídia financiada pelos banqueiros da Avenida Paulista já fez a sua opção para presidente da República. E nela não está Renan, Sarney, Lula, Dilma Roussef...