Um padre preso portando um revólver velho, obsoleto para os padrões atuais da bandidagem em Alagoas – que evoluiu e não usa mais revólver; usa pistola, metralhadora e fuzil automático.
A prisão do padre Tito, pároco de Pariconha, foi uma demonstração de exibicionismo desnecessário. Certo que o padre infringiu a lei, mas, igual ao cidadão comum que a polícia não protege, ele agiu no desespero ao se prevenir com uma arma.
Naquela região onde o padre foi preso a violência extrapolou os limites. Para se ter idéia, a Souza Cruz deixou de abastecer a região devido aos assaltos praticados regularmente e todos impunes.
Em Piranhas, cidade outrora pacata, já assaltaram a casa do prefeito, da juíza e do promotor; não assaltaram a casa do delegado porque ele não mora lá. Aliás, polícia na região só pela televisão.
Na rodovia onde o padre foi preso, a partir do povoado Maria Bode, nem a polícia se arrisca a fazer blitz à noite. Os ônibus das Empresas Itapemirim, São Geraldo e Progresso formam comboios no Carié para serem escoltados até Paulo Afonso-BA.
Por ser uma região distante de Maceió, as notícias não circulam na Capital; só uma ou outra notícia chega por aqui.
O caso do padre Tito ganhou notoriedade por se tratar de um religioso – que, se espera, use como arma apenas a fé
A polícia não conseguiu prender os assaltantes que atacaram o padre, assim como não consegue prender assaltante algum na região. Não conseguiu apreender as armas automáticas usadas pelos bandidos – e, talvez aí, esteja o erro do padre. No próximo assalto de que for vítima, o padre Tito deve perguntar aos assaltantes como eles fazem para adquirir pistolas, metralhadoras e fuzis – que a polícia nunca encontra.
Se era pirotecnia o que a polícia desejava ela conseguiu. Mas, se era o reconhecimento público da operosidade a polícia está longe, muito longe mesmo, de obter.
Um revólver velho, obsoleto, apreendido com uma vítima de bandidos que usam pistolas automáticas não dá nem para comparar.