A prisão do padre Tito, pároco de Pariconha, é um desses episódios que deixam dúvidas atrozes na cabeça do cidadão comum. Foi pirraça, excesso de zelo ou sacanagem da autoridade policial?

Devo dizer que não conheço o padre Tito nem o coronel Osman, comandante do 9º Batalhão, sediado em Delmiro Gouveia, e evangélico fervoroso – que foi a autoridade responsável pela prisão do padre.

Em excelente matéria publicada aqui no cadaminuto, o competente jornalista Wadson Correia relata que o padre sofreu acidente automobilístico no povoado Maria Bode, no entroncamento para Delmiro Gouveia, e pediu socorro à polícia. Foi preso porque os policiais encontraram um revólver velho no veículo do padre.

A arma estava entocada, mas os policiais a encontraram porque vasculharam o veículo como quem se predispõe a encontrar algo para incriminar alguém de qualquer jeito. Conseguiram; a polícia que não consegue apreender pistolas automáticas e fuzis na região, finalmente conseguiu apreender o revólver velho do padre. Só ele?

Essa mesma polícia tão zelosa e eficiente ao efetuar a prisão do padre, nunca conseguiu prender os assaltantes que atacaram o padre Tito; que o roubaram; que o espancaram e humilharam. E também não consegue controlar a violência na região. Agora consiga...

Pergunta: se fosse o pastor da igreja que o coronel Osman freqüenta ele o teria prendido? Duvido que sim.

Tenho ojeriza e verdadeiro pavor à religião, e não é porque a religião é o ópio da humanidade, mas porque a religião – toda ela, sem exceção – é uma tremenda e vantajosa sacanagem que se pratica em nome de Deus.

A pilantragem religiosa está vendendo Jesus Cristo por 10 por cento mensais; quem quiser ganhar dinheiro fácil é só fundar uma igreja. Basta uma Bíblia, um megafone e lábia convincente para atrair os otários – que são muitos e acreditam na salvação; acreditam que vão para o céu e outras mentiras mais.

A prisão do padre Tito é um caso emblemático – ainda que registrado em Alagoas. O mundo está sob o risco de um confronto religioso envolvendo mulçumanos e cristãos. Convoca-se guerra santa em nome de um Deus que tem permitido a barbárie e a comercialização da fé – e este Deus para mim não vale nada. Não é o meu Deus. O Deus verdadeiro não tem religião – senão, deixa de ser Deus. Religião é coisa dos homens espertos que sabem como tirar dinheiro do crente incauto. Ou seja, religião é coisa do Satanás.

Sei da integridade, da competência e da honestidade dos comandantes Sena e Dario César; sei que esses dois oficiais integram o quadro de oficiais que, graças a Deus, formam a maioria da briosa Polícia Militar. Seria o caso deles mandarem apurar essa prisão do padre Tito, para que as dúvidas atrozes se dissipem.

E não deixe sem resposta a pergunta: se fosse o pastor da igreja que o coronel Osman freqüenta ele teria prendido? O que o amigo internauta acha? Prenderia ou não?