Na história do Cristianismo, só um líder religioso se tornou mito sem ser peregrino; sem nunca ter saído da sua terra natal para pregar. Trata-se do padre Cícero Romão Batista – que nunca deixou sua paróquia, mas atrai por ano 2 milhões de peregrinos a Joazeiro.

No último dia 20 fez 75 anos de sua morte; nesse período o número de fiéis só aumentou, apesar da perseguição do Vaticano – que chegou a despachar missionário para combater o "santo do Joazeiro".

Em 1935, um ano após a morte do padre Cícero, o Vaticano enviou para o Brasil o frade capuchinho Pio Giannoti – que ficou conhecido como "frei Damião". A missão do frade era evitar que o prestígio do padre Cícero levasse à criação de uma Igreja Católica nacionalista.

Passados 75 anos e o temor ainda persiste, a julgar pela má-vontade do Vaticano para canonizá-lo. O atual papa Bento 16, antes de suceder João Paulo II, cuidava do processo de canonização e santificação do padre Cícero. Mas, o processo está paralisado e ninguém cobra a sua conclusão.

O padre Cícero é vítima da própria Igreja Católica. E muitos dos que falam contra ele movem-se por esse preconceito estimulado pela Igreja. Se não foi um santo, o padre Cícero também não foi nada do que dizem os seus detratores – alguns deles falam sem conhecer sua história.

Joazeiro cresceu em torno da fé e o padre Cícero ajudou a cidade, doando os lotes de terra que recebeu como prendas dos fiéis. A avenida São Pedro, por exemplo, pertencia ao padre e hoje pertence a comerciantes e moradores que ganham os lotes de graça. A família Romão Batista leva uma vida simples e humilde em Joazeiro.

Na condição de ex-detrator arrependido, curvo-me humildemente para pedir a benção a meu padrinho Cícero – cujo único erro foi ter optado pelos romanos e, assim, deixou de liderar a criação de uma Igreja Católica, Apostólica Portuguesa. Com certeza.