A diversificação física do ser humano desmente a versão bíblica de que fomos feitos a semelhança de Deus. Não é verdade. O general Ernesto Geisel, luterano, diz ser muita pretensão do homem afirmar ter sido feito a semelhança de Deus. Concordo com o general.

Se fosse verdade existiria então mais de um Deus - o que contraria a reforma religiosa de Zaratrusta, que impôs o Deus único. Haveria então um Deus galego dos olhos azuis, outro Deus galego dos olhos verdes, um  Deus amarelo dos olhos negros rasgados, um Deus moreno do cabelo preto e liso, e um Deus negro do cabelo ruim.

O homem pode se afastar de Deus, mas nunca se aproximar. A luta do homem é  para não se afastar de Deus e não para se aproximar, porque pode querer se confundir com Deus. É verdade que tem gente que, ao assumir cargo importante, sente-se Deus. Mas, é pura ilusão.

Essas contradições bíblicas serviram para fomentar a insatisfação e a frustração racial. Os japoneses, amarelos, tentaram demonstrar superioridade e se esborracharam. Os negros são realmente os mais discriminados, os que mais sofreram, porém, é importante dizer que nenhum branco foi à África caçar escravos; no máximo o branco chegou até o porto, onde negros espertos ganharam dinheiro vendendo os irmãos de raça como escravos.

Na década de 60, nos Estados Unidos, surgiu o slogan "negro é lindo" para auto-afirmação desnecessária, que só aumentou a frustração. No Brasil, a estupidez criou a cota para negros na universidade, e, assim, fortaleceu a discriminação; o diploma de nível superior do branco é produto da capacidade intelectual, enquanto o diploma de nível superior do negro é resultado das cotas - sem as cotas o negro não se tornaria também doutor.

Essa inadmissível situação leva alguns negros a atitudes extremas, iguais a cantor Michel Jackson - que gastou um,a fortuna para ficar branco e não ficou, mesmo afinando o nariz. E morreu de "branquísse aguda".

O caso do cantor lembra-me duas coisas:
1) o samba-regaee do fenomenal negro Gilberto Gil, com o refrão que diz assim: Bob Marley morreu/ Porque além de negro era judeu/ Michel Jackson/ Ainda resiste/ Porque além de branco ficou triste.

Pois é. Infelizmente, a discriminação racial está também com o próprio negro. E isto me lembra a segunda coisa: a entrevista da Hebe Camargo às páginas amarelas da Veja, quando o repórter pergntou se havia discriminação racial no Brasil. A Hebe, que é branca por adoção, respondeu que sim e disse que o próprio negro se discrimina. Um negro famoso procura uma branca para se casar e, se for casado, troca a esposa negra por uma branca.

A hipocrisia nacional caiu de pau em cima da Hebe. Tolice. A hipocrisia não admite a verdade. Gente, negro, branco, índio, amarelo, moreno, ruivo são todos produtos da mesma matriz. Não somos semelhança de Deus, mas viemos da mesma fábrica, assim como o boi branco e a vaca preta; o cavalo do Zorro e o cavalo alazão; o gato preto e a onça pintada.