As polícias do Distrito Federal – a militar e a civil – são as mais bem aparelhadas e as mais bem pagas do País – quem paga os soldos e vencimentos dos policiais no DF é a Nação. Todavia, é também a mais corrupta. Pelo menos, é o que ficou demonstrado com as denúncias de irregularidades praticadas pela cúpula da instituição.
Motores de viaturas que sumiram; pneus que desapareceram; combustível desviado – enfim, uma série de irregularidades que levam à reflexão: pagar bons salários combate a corrupção?
É comum se ouvir nos movimentos grevistas que se luta por melhores condições de trabalho. Balela; o grevista luta por melhores salários. No momento em que se discute melhores salários para todos, os escândalos na polícia em Brasília demonstram que não basta pagar bem para se ter um servidor público zeloso, honesto e eficiente.
A honestidade não depende de dinheiro, mas de caráter; e eficiência também não depende de dinheiro, mas de talento. Sem caráter e sem talento não há como esperar eficiência e honestidade – ainda que se paguem os maiores e melhores salários do mundo. A prova está aí com a polícia de Brasília – que não é caso isolado.
Se a polícia mais bem paga do País pratica atos ilícitos, calcule-se nas demais que ganham menos.
A notícia dos escândalos na polícia do Distrito Federal é apenas mais uma notícia de escândalos, entre tantos que se pratica diariamente no País. E tem-se aí o emprego da velha máxima: restaure-se a moralidade ou locupletem-se todos.
Ou seja: o brasileiro pensaria mil vezes antes de se corromper, se a corrupção fosse exceção e não regra. É ou não é?