No livro Os Negócios do Senhor Júlio César, o escritor Bertold Brech ensina que não se deve se surpreender com a política. Financiado pelos banqueiros, Júlio César se transformou em Imperador Romano atropelando quem se colocou à sua frente - inclusive a lei.
Logo, em política até boi pode voar.
Daí, o que a ministra Dilma Roussef fez pode até servir de censura; candidata à Presidência da República que não consegue decolar nas pesquisas, a ministra usou o câncer para dar o pontapé na sua campanha. Mas, vale tudo.
Não é assim um câncer daqueles que leva à morte - felizmente não é e não desejo que fosse; quero que a ministra tenha muitos anos de vida. Mas, o espetáculo circense que armou no sábado mostra mais uma vez o que uma pessoa é capaz de fazer para chegar ao poder.
Ou melhor: o que o poder não faz com uma pessoa.
Ex-guerrilheira e zelosa - pelo menos se dizia - defensora da ética, a ministra armou o palco, com a participação de médicos-coadjuvantes, e exibiu à nação uma verdadeira Ópera Bufa.
Tratava-se de anunciar que havia se operado de câncer no estômago e, no palco, tinha até um cardiologista. A partir daí os marqueteiros da campanha da ministra devem estar imaginando que a campanha dela decolou. Agora decole.
Valeu o esforço, pois tudo vale a pena se a alma não é pequena. Todavia, não tem nada que sensibilize o eleitorado em favor da ministra e esta é uma questão de simpatia.
Claro, corremos o risco de entregar a Nação novamente ao PSDB - que vendeu a Vale do Rio Doce a preço de banana. E, se isto acontecer, é culpa da carência de quadros no cenário político nacional.
Sendo assim, a estrada está pavimentada para a vereadora Heloísa Helena - que não está na mídia nacional; que não tem o aval do presidente Lula, mas bate a ministra Dilma de lambuje nas pesquisas.