Quando era secretário de Justiça, o hoje desembargador Tutmés Airan foi a Brasília e conseguiu no Ministério da Justiça financiamento para construir três presídios em Alagoas - dois masculinos e um feminino.
Radiante, ele foi comunicar a boa nova ao governo e se surpreendeu com a reação de uma autoridade - que considerou o dinheiro pouco; disse que só daria para construir dois presídios.
O superfaturamento de obras públicas parece fazer parte da cultura política do Estado; imagine que até mesmo o Canal do Sertão está com a obra paralisada, porque o Tribunal de Contas da União descobriu irregularidades nas contas, ou seja, superfaturamento.
Os presídios construídos com o dinheiro arranjado pelo então secretário de Justiça guardam entre si uma relação peculiar: são os mais caros do País; o metro quadrado é mais caro que o metro quadrado de um hotel cinco estrelas.
O metro quadrado no Presídio Ciridião Durval, por exemplo, custou na época 95 reais, enquanto o metro quadrado de um hotel cinco estrelas em Salvador custou 60 reais na mesma época.
Coisas de Alagoas, pois não.
Descobre-se agora a facilidade que os presos encontram para abrir um tunel. Em que se empregou mesmo 95 reais pelo metro quadrado? Que tipo de parede e solo se construiu?
A fuga não se consumou, é verdade; mas, isto não garante à sociedade a certeza de que quem delinqüiu pagará a pena sem chance de escavar um tunel e fugir.