O deputado federal Benedito de Lira sabe que se trata de mais uma bravata do prefeito Cícero Almeida, quando ameaça deixar o PP.
E por que é bravata?
Porque se deixar o PP para se filiar noutro partido pode ser cassado por infidelidade; e se deixar o PP para ficar sem partido torna-se inelegível em 2012, pois ninguém pode ser candidato se não estiver filiado a um partido por no mínimo 1 ano antes da eleição.
Benedito sabe disso e conduz o barco para o ancoradouro que melhor lhe acolher, sem se importar com a ameaça do prefeito.
Também há o seguinte: a única possibilidade de Almeida disputar o governo do Estado em 2014 é se o PP se juntar ao PSDB e ele indicar o vice-governador de Téo Vilela – e se o Téo se afastar para disputar o Senado.
No chapão Almeida nem foi candidato a governador, como desejava, nem vai indicar o vice de Lessa, como deseja.
O prefeito se queixa de que está sem espaço, mas, para a Justiça Eleitoral, isso não justifica a mudança de partido, uma vez que o prefeito não é candidato - logo, é parte apenas como eleitor no processo eleitoral este ano.
E, na condição de eleitor, seu espaço está garantido por lei.
Sendo assim, Benedito de Lira conduz o barco para garantir primeiro a eleição do filho, Artur, à Câmara Federal. O resto é detalhe.
O prefeito Cícero Almeida ainda não percebeu o nó cego que lhe deram. Mataram o cavalo selado dele e o impediram de disputar o governo do Estado; não vai indicar o vice-governador de Lessa, conforme deseja; e não pode sair do PP.
O desembargador Mário Andrade, relator do processo, pediu a cassação do governador de Brasília, José Roberto Arruda, com base no parecer do ministro Marco Aurélio Melo - que considera o mandato como pertencente ao partido.
Ou seja: Cícero Almeida é o prefeito, mas o político Cícero Almeida é refém do Benedito de Lira e nem se tocou disso.
PS - Em novembro do ano passado escrevi para dizer que: quem não tem vez deve ter voto, e sugerir que a prefeita Lourdinha Lyra disputasse uma vaga na Assembléia Legislativa.
A vice-prefeita deve sim ser candidata a deputada estadual, sem se preocupar com o apoio ou não do prefeito. Até porque Lourdinha nunca teve mesmo o apoio de Almeida.