Flávia Cavalcante condena sucateamento do Procon e expõe tropeços de Renan Filho

30/07/2015 12:25 - Geral
Por Davi Soares
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Em entrevista publicada na Agência Alagoas, a superintendente do Procon Alagoas e ex-deputada estadual Flávia Cavalcante (PMDB) expôs o que considerou uma “herança assustadora” recebida do órgão que assumiu há quase seis meses. A ex-deputada dedica quase metade da entrevistapara dizer que não entendeu nada, quando se deparou com “falta de estrutura e salários atrasados”, porque tinha outra imagem do órgão, por meio do marketing que sempre envolveu as ações de defesa do consumidor.

Flávia Cavalcante se prepara para disputar a Prefeitura de São Luiz do Quitunde, ou outro município da região Norte, herança política do suplente de deputado Cícero Cavalcante (PMDB). E parece ter preferido partir para o ataque, para justificar a comparação de seu desempenho com o de antecessores, a exemplo do agora deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB).

A segunda metade da entrevista começa com sua crítica a uma herança, por exemplo, de “dois meses de salários atrasados, conciliações paradas desde novembro e sede do órgão sem água, com carros sucateados e contrato dos Correios sem ter sido renovado”. O detalhe é que a superintendente assumiu, de fato, no começo de março.

“Eu tinha a ideia de um Procon, de um órgão arrumado, de um órgão que... E quando eu cheguei no Proncon, fiquei assustada, porque encontrei o órgão totalmente sucateado”, disse  Flávia Cavalcante, no trecho do vídeo escolhido pela Agência Alagoas para ser enviado ao perfil do WhatsApp, como chamada para a entrevista completa.

A partir do minuto cinco da entrevista de oito minutos e meio, disponibilizada no portal da Agência Alagoas, estão as falas sobre o susto com herança. “Eu fiquei nervosa com aquela situação, porque eu não achava que fosse encontrar o Procon daquela forma. Porque era muita mídia na televisão. As pessoas sabiam que o Procon resolvia tudo, na verdade. E quando cheguei no órgão, me assustei. Foi assustador, a forma como encontrei o Procon”, exclamou a superintendente.

Segundo ela, teve que “comprar do bolso” (???) material como computadores, carimbos, uma bomba de água e “muita coisa”. “Hoje o Procon está totalmente regularizado, voltamos com as audiências em menos de um mês, todos os salários estão pagos”, completa, ao concluir a denúncia revelando mais de 8 mil processos parados.

Veja a entrevista completa:

 

“Herança é de Renan Filho”

Provocado a comentar as declarações de Flávia Cavalcante, o deputado estadual Rodrigo Cunha, eleito mais votado de Alagoas graças ao trabalho desenvolvido como ex-superintendente do Procon, concluiu que a nova gestora do órgão estadual de defesa do consumidor assumiu a herança de irresponsabilidade do governador Renan Filho, que esvaziou o órgão nos primeiros três meses de governo.

Afastado do órgão há mais de um ano para disputar eleições, Cunha apelou para que o Procon volte à mídia para divulgar os direitos do consumidor para os alagoanos. E denuncia que servidores trabalharam de graça durante os 90 dias que antecederam a chegada de Flávia Cavalcante.

“Ela realmente deve agradecer porque pegou o Procon funcionando. Porque o governador Renan Filho cometeu uma grande irresponsabilidade, ao demitir, no dia primeiro de janeiro, todos os cargos comissionados, toda a direção do Procon, e passar mais de três meses para nomear a nova diretoria. Durante todo esse período o Procon foi mantido por pessoas que realmente têm uma paixão pelo que fazem e, muitas vezes, botaram a mão no bolso para comprar cartucho de impressora, papel, usou os próprios automóveis para levar correspondências, porque o contrato dos Correios venceu e não tinha direção para renovar. Essas pessoas trabalharam de graça durante 90 dias. É uma situação que não deve se repetir. Porque mudanças devem acontecer, mas com substituições, não com uma ruptura. Do mesmo mal sofreram outros órgãos”, pontuou Rodrigo Cunha.

As declarações foram dadas após o encontro com jornalistas promovido na tarde desta quarta-feira (29), em seu gabinete. Para concluir, Cunha fez um apelo para a nova gestora do Procon: “Que o Procon volta para a mídia. Mas não como marketing, o que é diferente. Comunicação deve ser utilizada como estratégia de passar a informação para o consumidor, que passa a exigir seus direitos e evitam ser lesadas. É uma forma proativa de ação”.

Seja pela construção de uma plataforma política para 2016 ou não, a entrevista de Flávia Cavalcante parece revelar que algo muito mais assustador que a sua visão do Procon. A denúncia de sucateamento do órgão público parece querer justificar o sucateamento da gestão pública em Alagoas. E prova que não é só de herdeiros que vive a política.

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