É histórico. Desde que desembarcou no Brasil pelas mãos dos portugueses, no início do século XVI, dos antigos senhores de engenho aos atuais industriais do setor sucroenergético, esse tipo de empreendimento sobrevive à custa do intenso apoio dos governos estaduais e do federal, especialmente.

Quando há uma crise, correm todos pro colo do governo  ou de influentes lideranças políticas, no caso o do senador Renan Calheiros. Representantes do setor estiveram com ele sugerindo elevar o valor pago da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), hoje no valor de 22 centavos de real que eles sugerem que seja de 60, o que impacta sobre o preço da gasolina.

“O que queremos é competividade”, disse o presidente da Cooperativa Regional dos Açúcares e Álcool de Alagoas, José Ribeiro Toledo Filho, afirmando em seguida que “isso estimularia o consumidor de carros flex a usar etanol”. Ora, caro leitor, essa fala significa que o consumidor, eu, você, nós, deve pagar a conta para viabilizar os usineiros.

Caso tal estratégia seja viabilizada, como de outras vezes, as promessas de que o preço do etanol será competitivo, mais barato do que o da gasolina não será realizado. Basta um problema climático, ou uma mudança nos preços mercado internacional, para os mesmos representante do setor argumentarem que as leis de mercado definem o preço para o consumidor.

Além do mais, com o aumento da produção de petróleo por parte da Petrobras, e com tendência crescente através da exploração do pré-sal, é improvável e absurdo que retornemos a financiar um setor que gera emprego e renda, tudo bem, mas que deve viver ou morrer de acordo com as leis do mercado. Nunca, pelo menos neste momento, através de benefícios governamentais que acabam, no frigir dos ovos, sendo viabilizado pela sociedade civil.

É certo que usinas fecharam. É certo que houve queda de produção e diminuição de empregos. No entanto, outros setores cresceram, caso da construção civil e de toda uma cadeia vinculada à exploração do petróleo.

Ou seja, são as leis do mercado.

E elas são severas. Assim como o Estado é uma mãe as vezes severa, outras tantas bastante dócil.

Mas a conta é paga pelo povo.

Essa do setor sucroenergético não deve ser paga por nós, povo.