Janot manda recado a Collor: "Não procuro emprego"
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que conduz as investigações da corrupção na Lava Jato, mandou recado aos investigados que tentam desqualificar o seu trabalho, em especial ao senador alagoano Fernando Collor, do PTB, que semana passada o acusou de “chantagista” e de querer se promover à custa do cargo que ocupa.
Janot lançou ontem, em Brasília, a campanha #corrupçãonão, em parceria com a Associação Ibero-Americana de Ministérios Públicos, que une 21 países contra este tipo de crime. A fachada da Procuradoria Geral da República ganhou banner gigante com a frase “Corrupção, não”.
E foi lá, nesse ato, que o chefe do Ministério Público Federal, alfinetou Collor:
“Todo o Ministério Público brasileiro está unido pela mesma causa, esse gigantesco 'não à corrupção'. É induvidoso, e afirmo após longos 31 anos no exercício de múnus público, a que assumi por concurso público: não procuro emprego. Tenho uma função pública a que assumi por concurso público e a exerço há 31 anos".
Disse mais:
“A atuação de todos os membros do Ministério Público brasileiro revela a unidade que nos marca, permitindo que atuemos de forma profissional e despersonalizada. Se um colega não fizer, não se iludam. Outro o fará. Caso um não possa fazer, não se iludam. Outro, com muito mais razão e mais força, o fará. A corrupção não pode ser vista por nós como algo cotidiano que permeia as nossas vidas. Chegou a hora de dar um basta, é um 'não' firme e corajoso à corrupção. O combate a esse mal deve ter foco não só na atividade de persecução criminal, mas para a prevenção, o controle e a proteção dos recursos públicos, independentemente de sua escala ou monta”.
Ou seja, o chefe do MPF não está para brincadeira.
A propósito, Rodrigo Janot deverá encabeçar a lista tríplice de indicados da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) a ser encaminhada à presidente Dilma Rousseff.
Veremos se as “acusações” de Collor e sua presença na base aliada do governo serão suficientes para impedir que Janot seja nomeado pela presidente Dilma.
Em tempo: Segundo Janot, pesquisas recentes da Transparência Internacional apontam que os jovens são os mais incomodados com a corrupção. “Eles também são os mais dispostos a encarar as mudanças culturais necessárias ao enfrentamento da corrupção”, explicou.
Ainda de acordo com os dados da pesquisa, 70% dos brasileiros acreditam que há corrupção na polícia, 55% nos serviços médicos e hospitais e 50% consideram que a justiça também não escapa da corrupção. Por outro lado, 81% dos brasileiros entrevistados pela pesquisa disseram acreditar que pessoas comuns podem ajudar a combater a corrupção.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a corrupção é o maior obstáculo ao desenvolvimento econômico e social no mundo. A entidade estima que, a cada ano, ao menos US$1 trilhão é gasto em subornos, enquanto cerca de US$ 2,6 trilhões são desviados. A soma é equivalente a mais de 5% do PIB mundial.
(Com informações do Correio Braziliense)
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