Em carta, Renan Calheiros diz que está fora do governo Dilma

06/05/2015 08:15 - Geral
Por Eliane Aquino
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O presidente do Senado, Renan Calheiros, não fará mais nenhuma indicação para cargos no governo Dilma.

Depois de perder o Ministério do Turismo para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e trocar mensagens exaltadas com o vice-presidente da República, Michel Temer, hoje articulador político do governo, Renan tornou pública, ontem, sua decisão de não participar da gestão de Dilma nesse segundo mandato.

Interessante é que Renan, Cunha e Temer são do PMDB. Ou seja, a briga é, de fato, em casa.

Semana passada, Renan Calheiros disse à imprensa que o seu partido não pode virar “coordenador de recursos humanos, distribuindo cargos”. Temer reagiu e, em nota à imprensa, cobrou respeito institucional do presidente do Senado.

Disse ainda Temer: “o país precisa de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados".

Nessa segunda-feira, Renan Calheiros enviou carta ao articulador político de Dilma, Michel Temer: “Transmito a Vossa Excelência - o que já fiz à presidente da República - que qualquer indicação para cargos do Executivo, atribuídas a mim, deve ser descartada".

E faz referência à nota pública de Temer:

“Não pretendo rebater a nota de Vossa Excelência para não promover escalada retórica incompatível com nossa função institucional. Vossa Excelência tem suas razões. Eu, as minhas. Mas acima de ambos está o país”.

O senador também deixa claro que sua postura política como presidente do Congresso Nacional, com relação ao governo, é de independência:

“Independência é condição indispensável para controle recíproco entre os poderes e não deve ser embaçada por ações incompatíveis com o exercício da Presidência do Congresso Nacional”.

Renan Calheiros admite a gravidade porque passa hoje o país e deseja êxito a Temer em suas funções de coordenador político:

“Aproveito a oportunidade para louvar suas evocações. Os conceitos ressaltados por Vossa Excelência nos aproximam e tranquilizam a Nação. Reitero meu desejo de que Vossa Excelência, em um momento grave do País, desempenhe suas atribuições de coordenador político com êxito e me ponho à disposição para apoiar iniciativas que engrandeçam a missão que desempenhamos”.

Findado o entrevero entre Renan e Temer? 

A carta, na íntegra:

Excelentíssimo Senhor

MICHEL TEMER

Vice Presidente da República Federativa do Brasil,

Não pretendo rebater a nota de Vossa Excelência para não promover escalada retórica incompatível com nossa função institucional. Vossa Excelência tem suas razões. Eu, as minhas. Mas acima de ambos está o País.

Sempre busquei ser um agente facilitador de soluções afinadas com o interesse público e participar do debate de maneira construtiva. Eventuais dissonâncias fazem parte da harmonização da democracia que rege as instituições.

Transmito a Vossa Excelência – o que já fiz à Presidente da República - que qualquer indicação para cargos do Executivo, atribuídas a mim, deve ser descartada. A independência é condição indispensável para controle recíproco entre os poderes e não deve ser embaçada por ações incompatíveis com o exercício da Presidência do Congresso Nacional.

Aproveito a oportunidade para louvar suas evocações. Os conceitos ressaltados por Vossa Excelência nos aproximam e tranquilizam a Nação.

Reitero meu desejo de que Vossa Excelência, em um momento grave do País, desempenhe suas atribuições de coordenador político com êxito e me ponho à disposição para apoiar iniciativas que engrandeçam a missão que desempenhamos.

Cordialmente,

Senador Renan Calheiros

Presidente do Congresso Nacional

 

 

 

 

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