Prejuízo da Petrobrás é maior que dívida de AL, PE e SE com a União

23/04/2015 14:39 - Economia
Por Candice Almeida
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Cerca de R$ 22 bilhões foi o prejuízo que a Petrobras sofreu no ano de 2014. A notícia que pegou pouca gente de surpresa, tomou como base não só a contabilidade que se espera, mas também o saldo imaginário da corrupção que tem sido revelado pela Operação Lava-jato da Polícia Federal. Digo imaginário porque só foi revelado o que os delatores apontaram, mas e tudo o que os demais acusados de envolvimento não revelaram? Pois é, o corte pode ser ainda mais profundo.

Com a revelação do prejuízo que a Petrobrás sofreu no ano de 2014, os administradores públicos deste país mostraram uma face ainda mais nefasta. As perdas da Petrobrás, muito mais do que refletirem os assaltos escancarados que os corruptos lhe infligiam, revelam a incapacidade de gestão do governo federal. E esta afirmação não é leviana. A publicação oficial da estatal revelou que a maior parte de suas perdas se deram pela escolhas erradas, pelo uso do combustível como moeda niveladora da economia, sem contar os investimentos que se mostraram errados (para não dizer coisa pior) e ainda mais vergonhosos.

É fato. O governo errou! Errou nas nomeações e nas decisões. Vem errando há anos e agora estamos pagando a conta. Não só deste prejuízo de 2014, mas de todos os saques feitos em benefício próprio de um grupo de políticos e partidos que não são movidos pelo benefício à população, mas pelo poder pelo poder. Que toma decisões baseando-se no calendário eleitoral e não na solução de problemas e na sustentabilidade da economia brasileira.

Segundo publicação da Folha, este é o primeiro prejuízo anual da Petrobras desde 1991, citando a consultoria Economatica. Na ocasião, a perda da estatal foi de R$ 1,2 bilhão, montante já ajustado pela inflação. Portanto, quem quebrou a Petrobras está hoje nela, não foi ninguém que esteve nela nos anos anteriores. Mesmo depois do início da exploração do Pre-sal, mesmo com o crescimento do número de barris de petróleo extraídos diariamente. Ainda assim, o prejuízo foi o maior que se tem notícia na história da Petrobrás.

Por conta de toda a crise que o país vem passando, o governo federal quer adiar a mudança do indexador da dívida de estados e municípios com a União. Isto porque, segundo o ministro da Fazenda, o país não pode arcar com o prejuízo de R$ 3 bilhões neste ano. Só o estado de Alagoas possui uma dívida impagável de R$ 9 bilhões com a União. O estado de Pernambuco tem uma dívida de R$ 4 bilhões, enquanto a de Sergipe é de R$ 7 bilhões. Somando o total das dívidas dos três estados nordestinos, ainda é menos do que o total do prejuízo que a turma do governo federal (União) causou à Petrobras.

Mas o show de horrores não acaba por aí. Só no ano de 2013, o Brasil perdoou cerca de 80% da dívida de uma série de países africanos. "Quatro países concentram mais da metade dessa dívida africana com o Brasil: Congo-Brazzaville, Sudão, Gabão e Guiné Equatorial. São nações cuja riqueza em petróleo e gás contrasta com a pobreza extrema em que vive a maior parte dos seus 41 milhões de habitantes, governados por ditadores cleptocratas", disse publicação de O Globo. Ditadores estes que desviam dinheiro de seus governos para países fiscais e vivem vidas nababescas.

Só no ano de 2013, Cuba foi o terceiro maior destino de recursos do BNDES. O país que tem a mesma quantidade de habitantes que o estado do Rio Grande do Sul, recebeu mais recursos do que o Peru, um país com PIB três vezes maior que o de Cuba. Ou seja, com capacidade de pagamento de suas dívidas muito maior que Cuba. São mais de 300 empresas brasileiras com negócios em Cuba, sua maioria com empréstimos junto a bancos brasileiros.

Definitivamente, o prejuízo que oficialmente foi reconhecido hoje - não por transparência ou idoneidade moral dos que fazem o governo federal hoje, mas por extrema necessidade do mercado que tanto abominam - atesta claramente a falência da capacidade de administração dos que se intitulam defensores dos pobres e marginalizados pela sociedade.

É este mesmo pobre que hoje vê a inflação corroer seu já diminuto poder de compra; que tem perdido o emprego; Mesmo povo que está super endividado depois de anos de incentivo do governo federal ao consumo de bens materiais - outra medida que se mostrou errada e endividou a população com menor conhecimento sobre economia doméstica e que agora está refém das dívidas; Mesmo povo que perdeu benefícios como a "tarifa social" da energia elétrica, que viu o "consumo mínimo" dobrar de valor; São estes mesmos pobres e marginalizados que agora sofrem mais para conseguir pagar a passagem de ônibus que também aumentou; Eis os principais prejudicados pelas Medidas Provisórias do governo federal que tiraram benefícios trabalhistas e previdenciários.

Em nome do ajuste fiscal, muitas das conquistas do povo, conseguidas ao longo de décadas, foram relativizadas. Aos poucos estão perdendo toda a "vida melhor" pregada pela campanha eleitoral de reeleição da atual chefe do Executivo federal. Isto porque todas as medidas são adotadas pautadas pelo calendário eleitoral e não pelo bem do país.

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