PT pode ter usado gráfica para lavar R$ 1,5 milhão da corrupção da Petrobras

19/04/2015 10:47 - Geral
Por Eliane Aquino
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As campanhas eleitorais da presidente Dilma em 2010 e 2014, podem mesmo ter sido abastecidas com dinheiro ilegal, desviado dos contratos da Petrobras.

A pista, descoberta pela força-tarefa da Lava Jato, é uma gráfica ligada ao PT, registrada em nome do Sindicato dos Bancários de São Paulo e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Editora Gráfica Atitude, usada para receber propina do esquema do petrolão.

 O interlocutor entre a gráfica e as propinas foi supostamente o tesoureiro do PT, João Vaccari, hoje preso e afastado do cargo.

Vaccari teria pedido a Augusto Mendonça, executivo da Setal Óleo e Gás, entre 2010 e 2013, que contribuísse com pagamentos à Editora, em vez de proceder as habituais doações ao PT. A justificativa oficial seria a publicação de propaganda na Revista do Brasil.

A propósito, a Revista do Brasil é um órgão com viés partidário e sem distribuição oficial. Sua tiragem tampouco é auditada pelo mercado, sendo impossível verificar se os anúncios foram publicados e na quantidade negociada.

A quebra do sigilo bancário da gráfica apontou que, entre 2010 e 2013, ela recebeu 14 pagamentos de R$ 93,850,00, cada um, totalizando R$ 1,5 milhão.

Segundo o Ministério Público Federal, para dar ares de legalidade aos repasses, todos superfaturados, foi usado o mesmo expediente nos desvios das grandes obras da Petrobras: contratos de prestação de serviços.

Um dos dirigentes sindicais que administraram a gráfica suspeita é José Lopes Feijó, nomeado assessor especial da Secretaria Geral da Presidência. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e dirigente da CUT, seu nome chegou a ser sondado para o Ministério do Trabalho. Além dele, também passou pelo comando da Gráfica Atitude o petista Luiz Claudio Marcolino. O sindicalista e ex-deputado estadual concorreu a deputado federal no ano passado, arrecadando R$ 2,5 milhões, dos quais R$ 580 mil oriundos de empresas encrencadas na Lava-Jato.

O Palácio do Planalto começa a reagir. Sente que a presidente está acossada, acuada.

O jornal Estado de São Paulo traz hoje matéria sobre uma estratégia do governo federal para enfrentar o agravamento da crise política. O jornal diz que a presidente e o governo estão surpresos com o movimento da Oposição para revestir de legalidade o impeachment de Dilma.

Dilma e o PT vão fortalecer a tese de que, para o impeachment não há amparo legal. E mostrar, em uma grande campanha de marketing, na mídia, que o governo não está parado.

Mas, para o MPF, parece não restar dúvida de que há, hoje, uma forte proximidade de Dilma, do PT e de Vaccari com a corrupção na Petrobras.

Sobre isso, o Planalto vai ter que fazer muito mais do que marketing na mídia e combate ao impeachment da presidente.

Terá que provar que não entrou dinheiro sujo na campanha de Dilma, em 2010 e 2014. Porque, no PT, parece-me que é inegável a relação da propina com os ex-tesoureiros do partido, homens de confiança de Lula, os senhores Delúbio e Vaccari.

A Editora Atitude divulgou nota à imprensa:

A Editora Gráfica Atitude Ltda. é uma empresa comercial de direito privado criada em 15 de março de 2007 por iniciativa de dirigentes sindicais, jornalistas e personalidades, com a missão de construir uma plataforma de meios de comunicação voltada para o mundo do trabalho, economia, política e cultura em geral. Está instalada na Rua São Bento, 365, 19º, no Centro de São Paulo.

Nesses anos, após 105 edições da Revista do Brasil, a Editora pautou-se pelo melhor do jornalismo, com entrevistas, fotos, textos, edição e impressão de cerca de 28 milhões de exemplares da publicação, que são distribuídos pelo correio e manualmente para sócios dos sindicatos participantes, numa operação logística de grande magnitude. Pesquisas mostram a satisfação do público leitor e ouvinte com a proposta de construção da cidadania que a revista se propõe.

A Editora produz também conteúdo jornalístico para o portal na web www.redebrasilatual.com.br, que registra acesso mensal de um milhão de visualizações, que vem duplicando sua produção e acessos anos após anos mesmo com a enorme concorrência que a internet tem atualmente.

A Editora produz um programa também jornalístico para a Rádio Brasil Atual, de duas horas, transmitido entre 7h e 9h da manhã, de segunda a sexta, na FM 98,9, para todos os municípios da Grande São Paulo, ABCD, Alto Tietê, com sintonia num diâmetro que alcança desde Mogi das Cruzes até Jandira e cidades no entorno.

A Editora conta com 34 trabalhadoras e trabalhadores e quase uma centena de colaboradores, articulistas, correspondentes e prestadores de serviços. A Editora mantém firmes laços de parceria com a imprensa sindical e com a blogosfera democrática e progressista, sempre centrada no mundo do trabalho e nos direitos humanos.

As receitas da Editora Gráfica Atitude Ltda provêm da prestação de serviços para entidades sindicais, anúncios públicos, privados e patrocínios. Prática comum de todos os meios de comunicação

Todas as receitas são revertidas para os pagamentos destinados a essa plataforma de comunicação. Para pagar as contas, como se diz na linguagem popular.

Em relação às denúncias veiculadas na imprensa, a Editora informa que mantém seus contratos de forma regular, registrados, e está à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos.

São Paulo, 16 de abril de 2015

Paulo Salvador

Coordenador da Editora Gráfica Atitude Ltda

 

 

 

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