Assembleia Legislativa: o “clima esquenta” entre Antônio Albuquerque e Bruno Toledo

26/03/2015 15:31 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar

Sempre houve um clima “pesado” entre o ex-deputado estadual Fernando Toledo (PSDB) e o deputado estadual Antônio Albuquerque (PRTB). Não foram poucas as vezes – na legislatura passada – que Albuquerque deixou claro que não “pertencia” à gestão da Casa de Tavares Bastos, mesmo na época sendo o vice-presidente da Mesa Diretora comandada por Fernando Toledo.

Pois bem, em recentes entrevistas, Albuquerque fez críticas a Fernando Toledo. O deputado estadual Bruno Toledo (PSDB) – filho do ex-presidente tucano da Assembleia Legislativa – não gostou das declarações do parlamentar do PRTB e externou sua visão em público. Antônio Albuquerque reagiu. O clima esquentou entre os dois.

A entrevista de Albuquerque foi ao jornal Tribuna Independente.  Ele disse que – enquanto deputado – jamais indicou alguém cujo nome não preencha requisitos morais e legais para estar em seu gabinete. Uma alfinetada em Fernando Toledo. Ao falar dos erros da Assembleia no passado, “falou dos longos sete anos de Fernando Toledo”.

Outra declaração de Albuquerque que incomodou: “a relação entre Fernando Toledo e o ex-governador Teotonio Vilela era uma relação tão sem obediência aos preceitos regimentais legais e morais que dispensa qualquer comentário”. Chegou a afirmar que Vilela e Fernando Toledo fizeram da ALE um apêndice. As declarações registradas pela Tribuna Independente provocaram a reação de Bruno Toledo.

O deputado estadual tucano lembrou – em entrevista ao radialista França Moura e também conversou com este blogueiro – da gestão de Albuquerque na presidência quando foi alvo da Operação Taturana, desencadeada em 2007, que apontou um desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos da Casa de Tavares Bastos.

“Basta olhar no Google para ver quem é Antônio Albuquerque”, rebateu Bruno Toledo. Antônio Albuquerque, em entrevista ao radialista França Moura, também se mostrou indignado com a insinuação: “Pesquise no Google quem é Fernando Toledo. Pesquise no Google que o que tem contra mim é a Operação Taturana e a prisão covarde que eu sofri de forma ilegal onde ficou provado na Justiça que sou inocente”.

O clima esquentou.

“O deputado já falou o motivo dele de estar sempre na Mesa Diretora, como vice-presidente, se articulando, já mostrou que é uma estratégia política. Mas o deputado Antônio Albuquerque não justificou porque na época que ele era da Mesa Diretora não fazia estas críticas (que faz agora a Fernando Toledo)”, expôs Bruno Toledo. O tucano ainda seguiu: “eu não ouvia o deputado de forma contundente falar contra a gestão da ocasião. Eu não escutava – mesmo não estando da Assembleia – uma posição tão rígida, tão dura, quanto está sendo agora”.

Bruno Toledo acusou Albuquerque de “oportunismo político”. “O deputado tem uma imagem muito ruim na sociedade e tenta reconstruí-la trazendo o tema agora que o deputado Fernando Toledo – segundo ele – está com a imagem desgastada na sociedade. Eu concordo com ele quando ele diz que o Ministério Público vai elucidar tudo isto. Aí sim, eu concordo com ele. Quando a Justiça julgar os processos, aí o deputado Antônio Albuquerque responde pelos seus atos. O ex-deputado Fernando Toledo responde pelos seus atos deles. Seja quem for. Quem tiver culpa vai responder”.

“Eu tenho certeza que o meu orgulho pela minha família vai continuar. Se o deputado Antônio Albuquerque tem a consciência tranqüila, que bom. Ele falou também que a Assembleia viveu o pior momento da vida dela com o ex-deputado Fernando Toledo. Isto eu discordo. Eu acho que o pior momento foi quando ele (Antônio Albuquerque) foi tirado da Mesa Diretora e foi afastado da Assembleia por conta da Operação Taturana”, retrucou Bruno Toledo.

Bruno Toledo ainda fez questão de lembrar que Albuquerque foi preso na Operação Ressugere por crime de mando. “Se a gente colocar na biografia do Fernando Toledo não vai ver nenhuma prisão. Eu nunca tive na minha casa Polícia Federal ou qualquer que seja a autoridade policial para questionar a atividade de meu pai. É esperar. Não quero polemizar. Só estou dando minha opinião. Só estou personalizando esta questão porque ele personalizou e nominou. Trouxe o nome de Fernando Toledo. Não apresentou esta questão de forma institucional. Ele sabe que a Mesa é colegiado”.

Albuquerque também foi ao passado: “eu não vou questionar aqui que Fernando Toledo está conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas em subjudice por conta de irregularidades que foram praticadas enquanto prefeito de Cajueiro. Eu não estou querendo discutir isto agora. Eu não queria levar isto lá na frente. Bruno Toledo também frisou que “Albuquerque era um deputado que não lhe acrescentava em nada”.

“Quando eu digo que a gestão de Toledo foi caótica, é meu sentimento e da sociedade alagoana como um todo. Quando foi conduzida pelo Fernando Toledo a ALE vivenciou o pior momento de sua história. Pior do que na Operação Taturana. Que teve uma realização espataculosa pirotécnica e que vou provar que nenhuma irregularidade ou ilegalidade fora praticada na minha gestão. Não há qualquer prova contundente da minha gestão na ALE”, defendeu Albuquerque.

Complementou ainda o parlamentar do PRTB: “quando saí da presidência de forma abruta e – a meu ver – de julgamento ilegal deixamos um saldo de R$ 7 milhões. E a ALE que assumi de forma meteórica, assumi na condição que todo mundo conhece, com débitos com servidores que estão sem receber e recebendo parcelas. Houve ausência total de autoridade na ALE com uma relação pusilânime de extrema subserviência em relação ao Executivo. A subserviência de Toledo era tão grande e explícita que ele ficava com o pires na mão mendigando dinheiro ao Executivo para pagar servidores da ALE. Não foi apenas o absurdo administrativo de chegar a faltar papel higiênico e ter a energia cortada”. 

Albuquerque finaizou afirmando que Bruno Toledo poderia ter alguma mágoa pessoal contra ele que só mesmo o tucano saberia, mas que ninguém era obrigado a gostar dele. Para o deputado tucano, a opinião de Albuquerque não importa e é necessário partir para temas mais importantes que polêmicas. 

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