Respondendo por abuso de poder político, Bruno Toledo ainda terá que lidar com “herança” do pai

28/01/2015 16:00 - Política
Por Vanessa Alencar
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Atualizada às 21h40

O deputado estadual eleito Bruno Toledo (PSDB), filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) e conselheiro do Tribunal de Contas, Fernando Toledo, deve enfrentar percalços em seu mandato - que começa no dia 1º de fevereiro -, em razão de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) proposta pelo Ministério Público Eleitoral contra ele e a mãe, a prefeita de Cajueiro Lucila Toledo.

Segundo informações da assessoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL), Bruno e a prefeita estão sendo investigados por possível abuso de poder político ou de autoridade durante a campanha de 2014.

De acordo com testemunhas, entre outros atos, a prefeita teria obrigado servidores comissionados do Município a participarem de caminhadas; realizado reuniões nas dependências de órgãos públicos, em horário de expediente, com o objetivo de promover a candidatura do filho; e praticado perseguição política.

Com base no artigo 73 da Lei 9.504/97 – que veda ações aos agentes públicos em ano eleitoral, com o fim de evitar desequilíbrio na disputa pelo uso da máquina pública e garantindo a isonomia do pleito – a Procuradoria Regional Eleitoral requereu a cassação do diploma e a declaração de inelegibilidade de quem houver contribuído para a prática do ato.

Na ação foi anexado ainda o áudio de uma reunião entre servidores da Prefeitura de Cajueiro que comprovaria a utilização da máquina pública em prol da candidatura de Bruno Toledo.

Bruno e Lucila serão intimados e deverão apresentar suas defesas. Ainda sem relatoria, não há previsão para que a Aije seja julgada.

Herança

Ao anunciar à imprensa, em junho passado, que não concorreria à reeleição, o então deputado Fernando Toledo disse que passaria o bastão para o filho, que foi eleito em outubro passado com 43.740 votos, sendo o quarto mais votado da ALE. 

A “herança” deixada pelo conselheiro que comandou o legislativo por quase sete anos é outra coisa com a qual o novo parlamentar possivelmente terá que lidar. Marcada por polêmicas, a gestão de Toledo foi alvo de uma série de denúncias de improbidade administrativa formuladas ao Ministério Público Estadual (MPE) e toda a Mesa Diretora chegou a ser afastada pela justiça em outubro de 2013.

Por fim, a posse de Bruno – assim como a dos demais parlamentares eleitos – pode ser atrapalhada por protestos de servidores da Casa, em greve devido ao não pagamento de salários por parte do então presidente. 

Em nota encaminhada à reportagem do CadaMinuto por meio da assessoria de imprensa, o deputado eleito diz que as acusações são falsas e as atribui a adversários políticos. Ele afirma, ainda, que ainda não foi iniciado o prazo para a apresentação da defesa e encerra garantindo "que no tempo certo será comprovado que nenhuma das alegações da adversária política são verídicas". 

Confira a nota na íntegra: 

"A respeito dos fatos relacionados ao deputado estadual eleito Bruno Toledo, esclarecemos que tratam-se de falsas acusações de adversários políticos e que ainda não foi iniciado o prazo para a apresentação da defesa.

Quanto à gravação da reunião que está anexada aos autos da investigação do Ministério Público Eleitoral, Bruno Toledo afirma que, por iniciativa dos servidores de Cajueiro, foi mencionado que a eleição de um cajueirense para compor o parlamento estadual seria positivo para os interesses da cidade. 

Trata-se apenas da expressão de opinião pessoal de servidor que não integrou a equipe de campanha eleitoral, tampouco o mesmo pediu votos ou tentou convencer qualquer servidor. É preciso esclarecer ainda que não estavam presentes na reunião nem Bruno Toledo, nem a prefeita do Município de Cajueiro.

Nenhum recurso material ou pessoal da Prefeitura de Cajueiro ou de qualquer órgão da administração pública indireta foi utilizado para fins de campanha eleitoral, assim como também não houve qualquer frustração para o exercício de voto promovido por Bruno Toledo ou sua equipe.

A Ação de Investigação da Justiça Eleitoral, cuja conclusão está longe do seu fim, é motivada por irresponsáveis acusações da adversária política da família Toledo que ambiciona assumir a posição máxima da Prefeitura de Cajueiro. 

No tempo certo será comprovado que nenhuma das alegações da adversária política são verídicas. 

Bruno Toledo foi o quarto deputado mais votado e obteve votos em todos os municípios do Estado de Alagoas. Em fevereiro assumirá seu mandato com atuação ativa e responsável, certo de que tudo será esclarecido no âmbito do Poder Judiciário."

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