Governo deve implantar ensino integral, sem convocar reserva técnica

26/01/2015 15:57 - Geral
Por Davi Soares
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O anúncio da implantação do ensino integral em escolas da rede de ensino estadual levou ainda mais expectativa aos aprovados no cadastro de reserva do último concurso para professores do Estado de Alagoas. Mas se o momento de crise já coloca em dúvidas a convocação de 1.500 concursados que esperam assumir as salas de aula alagoanas, o modelo de parceria que o Estado busca estabelecer para a ampliação da carga horária nas escolas deve diminuir as esperanças da efetivação neste início de governo de Renan Filho (PMDB).

É que a proposta inicial do governo peemedebista é oferecer cursos profissionalizantes, em parceria com o Pronatec e a iniciativa privada, sem a participação de professores contratados pelo Estado. Será um modelo para levar cursos profissionalizantes já existentes, para dentro da escola, seguindo modelo implantado no Ceará e em São Paulo.

Além da Escola Estadual Marcos Antônio, no bairro mais populoso de Maceió, o Benedito Bentes, o vice-governador e secretário da Educação do Estado, Luciano Barbosa (PMDB), prevê a implantação do regime de ensino integral em mais dez escolas, até o início de 2016.

Desafio precisa ser enfrentado

Toda esta questão me fez lembrar das declarações da coordenadora do Programa de Educação no Brasil do Unicef, Maria de Salete Silva, quando, ainda em abril de 2013, disse que a sociedade alagoana precisava se articular para oferecer educação integral na precária rede de ensino de Alagoas.

Em entrevista a este repórter, Salete garantiu que nenhum gestor público implanta educação integral sozinho. Ainda menos na nossa rede, que recebe estudantes em quase todos os turnos das escolas e não possuem profissionais necessários para a implantação do sistema integral de ensino.

Segundo a estudiosa, a utilização de clubes como os da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e a construção de “cidades educadoras”, com a ajuda da sociedade civil e organizações não governamentais são alternativas viáveis.

“Ao não ter espaço na escola, o secretário precisa se articular com outras áreas que têm este espaço. E acho que o primeiro passo para se planejar a educação integral é você conhecer muito bem sua rede. Escolas que têm três turnos, que turnos são esses? Que números são esses? É preciso saber como corrigir o atraso escolar e redimensionar a rede e trabalhar bem articulado com outras políticas que fazem parte da educação integral: esporte, cultura,  lazer e assistência social. Acho que o primeiro passo é a articulação. É saber do que precisa e com o que você conta”, avaliou Maria Salete Silva.

Começar uma experiência de ensino integral parece ser fundamental para fazer evoluir os métodos de educação no Estado com os piores indicadores educacionais. E atentar para a visão da especialista deve ser levada em consideração, no sentido de avaliar, dimensionar e preparar uma estrutura capaz de garantir uma mudança que vá além da retórica revolucionária que aportam em Alagoas, de tempos em tempos. 

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