(Atualizada às 17h)

Durante entrevista coletiva à imprensa na tarde desta quarta-feira (21), o deputado Antônio Albuquerque (PRTB), presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), anunciou pelo menos duas decisões de impacto.

O parlamentar disse que os servidores da Casa só devem receber seus salários atrasados a partir de fevereiro, com a posse da nova Mesa Diretora, e adiantou que amanhã será publicado, no Diário Oficial, um ato assinado por ele que irá representar uma economia de R$ 2,5 milhões por mês para a Casa.

Embora não tenha dito, Albuquerque deu a entender que o ato se trata da exoneração de cerca de 200 servidores comissionados irregulares com altos salários, ocupando cargos que sequer existem no organograma da Assembleia Legislativa.

“Para nossa surpresa, descobrimos que apenas uma pessoa lotada em um cargo de serviços gerais, onde os salários variam entre R$ 900 e R$ 1.500, recebeu o pagamento em dezembro”, exemplificou, chamando a atenção para o “detalhe” principal: a felizarda recebe do Poder Legislativo R$ 16 mil por mês.

Questionado sobre a identidade da “servidora”, o parlamentar afirmou não conhecê-la: “Deve se tratar de um fantasma privilegiado, já que só ela recebeu”, destacou, acrescentando que essa e outras discrepâncias encontradas na folha de pagamento dos comissionados foram informadas ao Ministério Público Estadual (MPE/AL).

Leia Mais: Servidora comissionada da ALE fura fila dos “sem salário” e recebe R$ 16 mil

Ele explicou que, como não teve tempo de auditar a folha dos servidores efetivos (ativos e inativos), optou por se debruçar nos vencimentos dos comissionados. “Observamos uma grande discrepância, como a presença de ‘pseudo-servidores’ que legalmente não podiam estar aqui”, denunciou.

Dívidas com os servidores

“Estou desconfortável para produzir qualquer pagamento nesse meu meteórico mandato, por isso fiz um apelo ao governador do Estado que não realizasse o repasse do duodécimo, deixando os recursos reservados no tesouro estadual”, explicou ao falar das dívidas do parlamento com o funcionalismo, voltando a frisar que não tinha conhecimento de nenhuma ação administrativa-financeira da Mesa Diretora comandada pelo ex-deputado Fernando Toledo.

O presidente disse que o duodécimo da Casa neste mês de janeiro é no valor de R$ 15 milhões e 357 mil, mas não soube precisar o montante da dívida da Casa com os servidores.

“Sabemos que os ativos não receberam a folha de dezembro, os inativos só receberam metade do décimo-terceiro, os comissionados não receberam nem o salário nem o décimo, a verba de gabinete não foi paga e há um débito de R$ 900 mil com a Caixa Econômica, referente aos empréstimos consignados que foram descontados dos salários, mas não repassados à instituição bancária”, resumiu o parlamentar.

Albuquerque também pediu paciência aos servidores: “Peço que me entendam. Não estou agindo por covardia, mas não poderia produzir ordenamento de despesas às cegas, sem saber o que estou fazendo. São apenas mais dez dias”.

Em relação às matérias pendentes na Casa, o presidente disse que projetos como o Orçamento – entregue hoje pelo governo do Estado – e a Lei Delegada podem esperar para fevereiro, mas apelou para que os servidores abrissem o plenário para a votação do rateio do Fundeb.  

Ao final da entrevista, o parlamentar disse ter “pena” da Assembleia Legislativa e resumiu os períodos em que esteve no comando do Legislativo Estadual: “A presidência da Assembleia já foi meu céu de ilusões e meu inferno de realidade”.

Leia Mais: Aliados de Renan Filho reagem e duodécimo da Assembleia é estornado

​Leia Mais: Dantas assumirá a ALE com R$ 15 milhões para sanar todas as dívidas deixadas por Toledo