Mesmo em crise financeira, cidades alagoanas realizam festas e intrigam opinião pública

14/12/2014 10:59 - Política
Por Gilca Cinara - CadaMinuto Press
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Os municípios alagoanos, principalmente aqueles de pequeno porte, estão enfrentando uma grande crise financeira devido à redução do valor do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), recurso utilizado para quitar dívidas das cidades. O resultado desta dificuldade que incluiu 101 prefeituras no CAUC (cadastro de inadimplentes em convênios federais) também acarretou no cancelamento da maior festa tradicional da região do Baixo São Francisco, o Glorioso Bom Jesus dos Navegantes.

Enquanto alguns prefeitos encaram a realidade financeira de frente, outros continuam mantendo os padrões tidos nas cidades com a realização de festas e comemorações, que compõem o calendário cultural da cidade.  A realização das festas em algumas cidades causou desconfiança na população sobre a real situação financeira da prefeitura, como foi o caso da Festa do Bagre, em Pilar, que foi alvo de investigação pelo Ministério Público Estadual (MPE/AL).

No entanto, o presidente da Associação dos Municípios Alagoas (AMA), Jorge Dantas, defende a realização dos eventos, como uma forma de não deixar as cidades monótonas e ainda promover a movimentação na geração de renda para os comerciantes. “Toda decisão do prefeito causa polêmica. As festas para quem ver de fora pode parecer dinheiro desperdiçado, mas tem uma boa parcela da população que defende a realização das festas”, colocou Dantas.

A redução no Fundo de Participação dos Municípios foi proporcional para todos os municípios alagoanos, contudo, algumas cidades sentiram o efeito mais rápido do corte por não dispor de outra fonte de arrecadação de renda para os cofres púbicos. O Dantas afirmou que a necessidade, vista atualmente, é a mesma para todos os gestores, embora uns enfrentem mais e outros menos.

Essa diferença, segundo ele, devido à falta de organização dos acordos firmados com servidores público, como por exemplo, a implantação de alguns planos de cargos e carreiras.  Mesmo reconhecendo a dificuldade, o presidente da AMA reforçou que as cidades não podem ficar apenas no trivial, mantendo o dia-a-dia, mas que precisam das festividades para movimentar suas economias.

 “A festa tem um complemento na geração de recurso com a vinda de outras pessoas para a cidade. Vou fazer a festa no meu município em janeiro, mas aquilo que digo, a festa tem que se adaptar ao município e não o município se adaptar a festa. Não pode deixar de fazer, pois a tristeza já é tão grande. Agora tudo dentro da realidade financeira”, afirmou Dantas.  

Prudência diante da crise resultou em cancelamento de festas na capital e no interior

Em Penedo, Marcius Beltrão decidiu cancelar as atrações artísticas da festa de Bom Jesus para, segundo ele, conseguir evitar que a crise no funcionalismo do município. A programação religiosa da festa vai acontecer, devendo a Prefeitura de Penedo apoiar a Igreja mediante suas condições. Beltrão demitiu comissionados e realizou outros cortes.

“Vamos trabalhar para que todas as medidas sejam implantadas corretamente e que com isso, possamos passar por este momento que inspira cuidados. E peço o engajamento de todos os nossos secretários. E o gestor que não conseguir assumir o seu papel diante da crise, infelizmente não pode ocupar um cargo na administração de Penedo”, disse Beltrão, à época do decreto.

Outros municípios também adotaram os cortes como, por exemplo, as prefeituras de Maceió, Viçosa, Arapiraca e Igaci. Na capital alagoana, o prefeito Rui Palmeira recorreu à iniciativa privada para conseguir realizar a segunda edição do Festival de Verão em 2015. Segundo ele, o município não tem condições de arcar integralmente com todas as despesas do evento e outra forma para conseguir recursos é através da Lei Rouanet, que possibilitou o cadastro do evento no Ministério da Cultura.

“Todos os secretários estão empenhados em conseguir o apoio da iniciativa privada para o Festival de Verão. Mas estamos otimistas em conseguir essa parceria”, ressaltou Rui Palmeira.

O prefeito colocou que a situação financeira do município é muito delicada e que, provavelmente, 2015 será um ano muito difícil financeiramente. Rui detalhou que os outros cortes para redução de gastos estão sendo estudados, mas a prioridade do Executivo é manter o pagamento dos servidores públicos em dia.

 

 

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