Falência do Grupo JL: um saco de maldades?

25/11/2014 07:48 - Voney Malta
Por Voney Malta

Durante todo esse período em que foi decretada a falência do Grupo JL prometi a mim mesmo que não trataria do assunto porque trabalhei na empresa, em campanhas eleitorais de João Lyra e nos seus veículos de comunicação. Portanto, tenho envolvimento pessoal e profissional, o que torna difícil ser neutro. Deixando isso claro, vamos à questão para que o leitor tire suas conclusões.

Se a situação em agosto de 2013 era terrível quando o juiz titular da Comarca de Coruripe, Sóstenes Araújo, decretou a falência das empresas - mas determinando que elas continuassem suas atividades provisoriamente, ou seja, moendo, produzindo e empregando - um recurso ao TJ suspendo a decisão anterior só fez piorar a situação.

O problema é que essa liminar só foi julgada pelo Pleno em fevereiro, meses após o início da moagem das usinas. Lá atrás, ainda no mês de agosto, as duas usinas em Minas Gerais estavam iniciando a moagem e a Uruba, em Alagoas, prestes a iniciar, tiveram que parar. Esse foi o tiro fatal para milhares de empregos e para a geração de dinheiro para o pagamento de débitos antes da venda das empresas. Tudo foi perdido.

Apesar do decreto de falência com continuidade estar em vigor, só fazia sentido produzir em 2013. As decisões tomadas e as pendengas judiciais decretaram a falência operacional, a perda de crédito e confiabilidade no mercado. Caso tivessem moído, estariam, inclusive, valendo mais, em plena atividade e não abandonadas e deterioradas como estão agora.

Antigos e capazes diretores do Grupo questionam a competência dos atuais gestores Carlos Franco, Felipe Olegário e uma empresa que os assessora. Uma das críticas é que eles nunca visaram gerar recursos, botar as empresas para moer, como se diz na linguagem do setor. Um exemplo ocorreu este ano. Cerca de 350 mil toneladas de cana plantadas em Minas, em 2013, não foram vendidas, se perderam no campo, secaram e morreram. Em torno de R$ 18 milhões foram perdidos.

O patrimônio da empresas não foi e não vem sendo utilizado. O decreto de falência continua em pleno vigor, nada foi alterado. Os demitidos recentemente nada receberam. Todo o quadro qualificado para atuar no campo e na indústria foi desligado.

Para a maioria dos ex-diretores faltou conhecimento do negócio e habilidade para vender os bens produzindo, gerando emprego e renda.

Os administradores têm direito a 3% de tudo o que for vendido. Como a dívida publicada gira em torno de R$ 2 bi e 400, os administradores, incluindo a empresa contratada, terão direito a cerca de R$ 72 milhões.

Uma doce bolada, não é mesmo?

 “Meu filho, meu pai dizia que águas passadas não movem o engenho”, contava sempre que cabia tal comparação o empresário João Lyra. Realmente, as empresas que ele construiu receberam o tiro fatal. Culpa de muitos no passado recente e no presente, inclusive de quem deixou de tomar decisões.

Os empregados são os que mais sofrem. Vários municípios tiveram sua economia atingida, assim como o próprio Estado. E ninguém fez nem faz nada, nem pelos recentemente demitidos pela massa falida, que tinham que receber suas recisões. A lei é clara, algumas vezes.

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