De porteiro a empresário: jovem investe na coleta e venda de resíduos eletrônicos

23/11/2014 03:11 - Maceió
Por Teresa Cristina
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Vontade de ter um negócio próprio e de contribuir com o meio ambiente. Com esse desejo, Jadiel de Lira, 24, decidiu abrir uma empresa. O jovem abandonou o emprego de porteiro de condomínios, com carteira assinada, e se aventurou na troca de posto: passou de empregado a patrão. Há pouco mais de um ano, Lira inaugurou a Bio Digital, empresa que recolhe e vende resíduos eletrônicos que, na maioria das vezes, são descartados de maneira irregular.

A ideia de ter seu próprio negócio tomou corpo quando Jadiel viu uma reportagem na televisão. A partir daí, ele decidiu que iria abrir uma empresa. Com a ideia na cabeça, o jovem começou a colocar os planos em prática.
“Nessa matéria na TV falava sobre descarte de resíduos. É muito importante darmos a destinação correta a este tipo de material, para que o meio ambiente não sofra com isso. Fiquei interessado em abrir minha empresa depois que assisti.

Jadiel lembra que, no início, ele mesmo em uma moto, adaptada com um caixote na garupa, recolhia lixo eletrônico em sua vizinhança. Hoje, a empresa conta com uma sede, localizada em um galpão no Clima Bom, um veículo e dois funcionários.

“A maior dificuldade que encontrei foi achar empresas parceiras. Todas as outras coisas que enfrentei foram passando e eu tinha certeza de que ia realizar o meu sonho”, afirmou o jovem empresário. Em busca de conhecer o funcionamento de empreendimentos e para adquirir novos conhecimentos, ele viajou para Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.

No início, a BioDigital funcionava em um espaço de quatro metros quadrados, hoje a empresa está sediada em um galpão com uma área de 120 metros quadrados. Nos seis primeiros meses, 200 quilos de material foram recolhidos. Atualmente, a média de recolhimento é de seis toneladas a cada 30 dias.

Mesmo com as dificuldades enfrentadas no início, Jadiel diz que não se arrepende das decisões que tomou. “Faria tudo de novo. A satisfação que eu tenho com o meu trabalho é muito grande. Ter a minha empresa é um sonho realizado”, destacou ele.

O recolhimento
 

O lucro da empresa de Jadiel é fruto da venda dos resíduos eletrônicos que ele recolhe. O interessado em entregar o material entra em contato com a BioDigital, que se encarrega de buscá-lo no endereço informado.

“Não cobramos nada para pegar os eletrônicos. Mas, no caso de televisores de tubo, temos uma taxa de R$ 5, pois por conta do material, precisamos embarcar de uma maneira especial. O valor cobrado é para o transporte”, explicou o empresário.

As empresas para as quais a BioDigital vende o material recolhido exportam o resíduo já reciclado para o exterior.

Projetos sociais
 

Além de faturar com o negócio e ajudar a diminuir danos ao meio ambiente, Jadiel também tem projetos sociais. Com a ajuda de parceiros, o empresário irá recuperar computadores com o objetivo de oferecer aulas para a comunidade do Clima Bom, onde está sediada a empresa, além de oferecer o equipamento para pessoas sem condições financeiras de comprá-lo.

“Chega muita coisa boa aqui. Temos um grande parceiro que já está trabalhando na recuperação do que ainda pode ser reaproveitado”, disse Jadiel acrescentando que um videogame, também consertado em meio aos resíduos destinados à BioDigital, foi entregue a um jovem do Clima Bom. “Ele nunca teve um igual na vida e ficou muito feliz com isso”, lembrou ele.

Informações
 

Jadiel, na busca de informações que pudessem ajudá-lo a abrir seu próprio negócio, procurou o Sebrae. Lá, ele recebeu uma consultoria e foi orientado sobre como proceder para iniciar sua empresa.

“Quando a gente está para iniciar, precisa de ajuda, já que temos muitos questionamentos. Fui auxiliado com um plano de negócios”, destacou o jovem.

Marcos Alencar, gerente de atendimento empresaria da instituição, explicou que a maioria das pessoas que procura o Sebrae antes de abrir uma empresa chega repleta de dúvidas. Ele frisou ainda que é fundamental diferenciar o empresário de um empreendedor.

“É importante estimular o perfil ligado ao empreendedorismo. Ser empresário é colocar dinheiro em algo, já ser empreendedor está ligado ao entender sobre o funcionamento da sua empresa, saber que existem riscos e como se comportar diante do que possa acontecer”, colocou.

Alencar ressaltou também que estar preparado,fazer cursos e se qualificar para gerir a empresa é fundamental para o sucesso do negócio. “Tem muita gente que tem empresa, mas não entende do funcionamento”, alertou.
 
 

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