Diferente da maior parte dos estados brasileiros, os veículos roubados em Alagoas não são destinados ao desmanche e abastecimento do mercado clandestino de peças usadas, mas para a prática de outros delitos, afirmou o titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), Valdir Carvalho. A informação ocorre após a divulgação do Relatório do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que apontou Alagoas como o estado que registra o maior número de roubos de veículos, antecedido por Amazonas e seguido por Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. No ranking, o Amazonas ocupa a primeira posição.

Segundo o delegado, os veículos roubados são utilizados, em sua maioria, para a prática de crimes como tráfico de entorpecentes, assaltos e homicídios.  Característico deste fim, é comum que os veículos sejam abandonados pelos criminosos, o que explica o alto número de veículos recuperados.

“Os veículos roubados em Alagoas, em sua maioria, são utilizados para a prática de outros delitos. Sendo utilizados como instrumentos do crime, é comum que os carros e motos sejam abandonados no local, o que aumenta o número de veículos recuperados, que é de 70%.”, explicou.

O delegado acrescenta ainda que o veículo costuma ser abandonado sem algumas das peças e objetos de valor, como o som. “Eles roubam o veículo, retiram aparelhos de som e objetos de valor que estejam dentro do carro e abandonam o veículo, geralmente, em área próxima ao local do roubo”, explicou o delegado.

Abandonados, os veículos são localizados pela polícia, que os encaminham para a Central de Flagrantes e tenta manter contato com o proprietário. “70% dos veículos são localizados”, disse. Já em relação aos roubos de veículos cometidos em residências, o delegado disse que o carro, normalmente, é roubado para o carregamento das mercadorias roubadas.

De acordo com o anuário de Segurança Pública, em Alagoas, foram roubados 3.210 veículos no ano de 2013, obedecendo a uma taxa de 522,3 veículos por 100 mil veículos. A taxa de roubo de veículos foi calculada a partir da frota de veículos informada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em dezembro de 2012 e dezembro de 2013. Já no ano de 2012, o número de veículos roubados foi de 3.045, obedecendo a taxa de 547,7 por 100 mil veículos.

Utilizadas para cometer crimes, a tendência é de que haja aumento no número de assaltos a residências, estabelecimentos comerciais e tráfico de drogas. “Como os veículos roubados ficam sem placa ou com placa fria, não será possível a identificação do proprietário, uma vez que a ação é rápida e os criminosos têm maior facilidade de fuga. Tais aspectos facilitam a realização de outros crimes, como assaltos, homicídios e tráfico de drogas”, destacou.

Além de lidar com o aumento no número de roubos no ano passado, em relação a 2012, a Polícia enfrenta ainda o crescimento do número e do roubo de motocicletas, principalmente na parte alta de Maceió.

Mercado clandestino

Em relação ao mercado clandestino, o delegado considerou ser um desafio a fiscalização de motocicletas que alimentam o mercado ilegal de venda de peças. “O quintal de uma casa ou mesmo algum cômodo de uma casa pode ser um local favorável ao desmanche de peças de motocicletas, o que dificulta a fiscalização e a prisão de envolvidos”, destacou o delegado.

Além da prática de roubo para cometer delitos como assaltos, após renderem à vítima a mão armada, os criminosos adulteraram o chassi do motor e as placas e entregam os veículos aos receptadores.

No início deste ano, a Polícia Civil prendeu uma quadrilha especializada no roubo de carros de luxo em Maceió Arapiraca, Taquarana, Tanque D’Arca e Maribondo, a um custo de R$ 5 mil. À época, os integrantes da quadrilha, identificados por Matheus Braga Soares Duarte, 18 anos, Kassio Filipe Farias Gomes, 23, e Moabe Lino Balbino Júnior, 24, foram autuados por adulteração de sinal identificador de veículo automotor, receptação e uso de documento público falsificado.

Sem dados oficiais sobre quanto o mercado clandestino rende financeiramente e com o intuito de coibir os roubos, receptação e desmanche de veículos, a delegacia de Roubos e Furtos segue com ações de fiscalização e blitz de trânsito a fim de localizar outras práticas clandestinas. Contudo, o delegado disse que a PM carece de policiais para averiguar as possíveis irregularidades

Roubos no Brasil

Em 2013, no Brasil, o número absoluto de roubos de veículos foi de 228.800, uma média de 26 veículos roubados a cada hora. Já em 2012, o número foi de 202.498.

Não só os veículos são alvos de criminosos. Na categoria de crimes letais contra o patrimônio também está incluso o roubo de carga. Em 2013, a taxa foi de 1,8 em 2013, em um total de 59 roubos em números absolutos. Já em 2012, o número foi de 2,1, num total de 65.