Dentista é preso pela PF após insultar nordestinos em voo de Brasília a Maceió

30/08/2014 07:19 - Maceió
Por Bianca Ferraz - colaboradora

Dois dias depois do episódio vergonhoso que marcou o jogo entre Grêmio e Santos na capital gaúcha, onde uma chuva de ofensas racista foram proferidas contra o goleiro Aranha, o voo 1908, da Gol, que vinha de Brasília para Maceió, teve seu sossego interrompido quando o dentista Ângelo José Ferreira, de 55 anos, sem motivo aparente, começou a proferir xingamentos a todos os nordestinos que estavam no avião. “Não houve uma briga, não foi algo direcionado a alguém. Ele entrou no avião reclamando do cheiro que a quantidade de nordestinos juntos estavam exalando”, disse a advogada A.A.

O odontólogo, segundo relatos dos passageiros, gesticulava sem parar, bradando que o Nordeste era um lugar nojento. “Minha esposa e eu vínhamos sentados em cadeiras separadas. Ela, junto com a esposa dele, a quem ele ordenou, no meio do voo, que trocasse de poltrona e fosse para um lugar vago no fundo, a fim de que se distanciasse do 'fedor de jegue'. Eu disse a ele que isso era racismo e começamos uma discussão que ele permeou com ameaças. Me chamou de nordestino cara de cavalo e disse que me daria um soco se se eu me aproximasse”, relatou o gerente comercial A.O.

Cerca de cinco policiais, dentre eles dois da Polícia Federal, estavam à bordo. Assim que a aeronave aterrissou, o comandante autorizou a prisão, com a recomendação de que o passageiro fosse imobilizado caso reagisse. Ângelo, que é mineiro, mas vive em Brasília, ao que parece, não havia feito ingestão de álcool e repetiu diversas vezes a, tão ultrapassada, frase 'vocês não sabem com quem estão falando'. Dez pessoas, além do acusado e de sua esposa, foram conduzidas à Superintendência Regional da Polícia Federal, no bairro do Jaraguá, onde aguardaram por mais de quatro horas a conclusão de todos os depoimentos. “Não sou nordestina e não vejo o porquê disso ser uma ofensa. Estou aqui como cidadã, chocada e atônita de, em pleno século 21, termos que vivenciar coisas desse tipo. Vou prestar queixa e levar isso adiante porque esse tipo de comportamento tem que ser repelido”, afirma  a psicóloga A.G.

De acordo com o delegado Felipe Vasconcelos Correia, Ângelo Ferreira foi preso em flagrante pelo crime de injúria qualificada (art. 140 do Código Penal) e pode pegar uma pena que varia de um a três anos de prisão. “O caso será enviado para um Juiz Federal, que deverá arbitrar a fiança”, explicou o delegado. 

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