O Ibope e o que o povo quer?

27/08/2014 08:40 - Voney Malta
Por Voney Malta

A pesquisa do Ibope divulgada ontem (26) traz alguns esclarecimentos e muitas dúvidas também, especialmente quanto ao que o eleitor quer e pretende para o futuro. Os números esclarecem e escondem algo.

Vejamos: na espontânea, Dilma Rousseff (PT) tem 27%, Marina Silva (PSB) 18% e Aécio Neves (PSDB) 12%. Na estimulada, eles ficam com 34%, 29% e 19%, respectivamente.

E o principal é quanto à aprovação do governo petista. Ótimo, bom e regular somados dá 70%. Ruim/péssimo 27%. No quesito rejeição dos candidatos Dilma lidera com 36%.

A pesquisa também mostra que no segundo turno Dilma venceria Aécio - 41 a 35 por cento e perderia para Marina - 45 a 36 por cento. Os especialistas agora estão debruçados sobre esses dados. Avalia-se o porquê de o governo Dilma ser bem avaliado e ela perder pra Marina e vencer apertado com Aécio.

Acredito que um dos motivos é o desgaste de um partido criado a partir dos movimentos sindicais, intelectuais e classe média, prometendo mudanças e rompimento com tradicional política. Mudanças ocorreram. A vida de todos melhorou dentro de casa, mas não tanto do lado de fora.

Com os políticos não, não houve rompimento, houve aliança para governar, além dos casos de corrupção. Portanto, o governo é bem avaliado, mas parece que o povo quer testar algo novo, diferente. O problema é que o que se apresenta não é novo.

O eleitor se envolve na disputa para o Executivo, não para o Legislativo. Daí não compreende que da forma como está instituído o sistema político brasileiro o governante é extremamente refém dos deputados. Tem que negociar espaço.

Marina foi petista, participou do governo Lula. Aécio Neves esteve no poder com FHC. Não são desconhecidos. Atacam o governo, mas não mostram propostas para mudar esse ou aquele programa. Não. Prometem melhorar e avançar.

Bom, sendo isso, por que então tanta rejeição a Dilma por um lado e por outro a aprovação da gestão? Acredito que o antipetista ficou mais contundente nas críticas. Já o petista viu que governar é dividir o poder, e isso tem custos sensíveis na imagem, na ação política e administrativa.

E o povo? Bom o povo parece dividido. Parece, também, tender a querer trocar pra avançar. Acha que já é muito tempo de poder do PT. De qualquer forma, sendo agora ou mais adiante, é forte e crescente o sentimento de que está na hora de trocar o partido com assento no Palácio da Alvorada.

Se o PT escapar nessa eleição, terá que fazer a leitura do futuro. E essa leitura passa por novos quadros, acompanhar e defender os desejos dos mais jovens e fazer a reforma política. Caso contrário, estará envelhecendo sem renovar o seu discurso. O momento é crítico.
 

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