Biu e Renan Filho trocam farpas em propaganda eleitoral

25/08/2014 14:54 - Geral
Por Davi Soares
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Cada um ao seu estilo, os candidatos que lideram a disputa pelo governo de Alagoas já começaram a se alfinetar no guia eleitoral. As críticas entre os candidatos Benedito de Lira (PP) e Renan Filho (PMDB) foram exibidas em seus últimos programas eleitorais. E revelaram também alguns aspectos relativos às responsabilidades dos próprios críticos ou de suas bases de apoio político.

Nos primeiros programas, na semana passada, os programas de Biu e Renan Filho concentraram esforços em combater suas próprias imagens estereotipadas pelo eleitor. Agora, depois de reconhecer e negar suas próprias falhas, cada um já demonstra disposição em apontar o erro do outro.

Foi assim no último programa de Renan Filho, que fez questão de atribuir aos últimos quatro anos de governo tucano a responsabilidade sobre os péssimos indicadores da educação de Alagoas. Uma alusão ao período do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB) em que a Secretaria da Educação foi comandada por gestores indicados por Benedito de Lira.

O programa é aberto com a sugestão de que outros candidatos falam em mudança na televisão mas representam a continuidade do governo de Téo. E, entre uma proposta e outra, Renan Filho deixou para os apresentadores ou para a narração do programa a parte das críticas mais direcionadas ao adversário.

“Nos últimos quatro anos, o quadro que era ruim piorou. Alagoas conheceu uma das piores gestões da Secretaria de Educação de sua história”, diz o apresentador, antes de serem enumerados problemas como a “queda do número de alunos e de escolas de Alagoas, o déficit de dois mil professores e a desistência de 25% dos alunos e a baixa média do Ideb com relação ao resto do País”.

“Passada mais de uma década do novo século, nossos indicadores ainda são do século vinte. Estamos atrasados em relação ao Brasil e ao Nordeste. Nossos jovens não merecem uma realidade tão dura”, diz Renan Filho, ao iniciar o programa e prometer uma revolução no ensino público do Estado.

Veja o programa de Renan Filho exibido na tarde desta segunda-feira (25):

A acidez do humor

O programa de Biu de Lira usa do sarcasmo ao voltar sua artilharia para a atuação parlamentar de Renan Filho na Câmara dos Deputados. No final do programa, um personagem faz críticas ao candidato a governador do PMDB, enquanto são exibidas imagens da propaganda eleitoral do adversário. E expõe que Renan Filho faltou a mais da metade das reuniões das comissões temáticas da Câmara Federal.  

Renan Filho não escondeu o pai, presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB), nos primeiros programas eleitorais. Mas tem enfatizado ser “filho de Alagoas” em sua propaganda eleitoral. Talvez por isso, o personagem o chama “filho de Renan”. E intervém quando o peemedebista diz que, quando está em Brasília, trabalha para tentar resolver os problemas dos 102 municípios alagoanos.

“Ah! Mas difícil é estar em Brasília, né? Porque a gente sabe que o filho do Renan já faltou a 64,4% das reuniões das comissões da Câmara. Tá aqui no site Excelência, que fiscaliza os políticos. ‘Homi’, se eu faltar 64,4% do meu trabalho, aí eu não vou trabalhar em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e adentra julho... Eu só vou a partir de agosto. Por isso que dá tempo de ficar passeando na rua. E sozinho... Porque o povo tá é trabalhando duro e ganhando pouco”, provoca o ator, antes de perguntar quem resolve isso.

Veja o programa de Biu:

Bumerangue

Mas os candidatos não deixam de expor as próprias incoerências durante as críticas aos adversários. Renan Filho, por exemplo, omitiu que o primeiro secretário de educação do primeiro governo de Téo foi Fábio Farias, nome do PMDB indicado por Renan Calheiros. E sua sucessora, Márcia Valéria de Lira, foi indicada oficialmente por Fábio Farias, que é suplente do presidente do Senado. Somadas, a gestão de Farias e de Márcia durou de 2007 a maio de 2009.

Ao dedicar seu programa eleitoral ao tema da saúde pública em Alagoas, Benedito de Lira também foi contraditório ao omitir que parte da responsabilidade pela falta de 1.260 leitos em hospitais alagoanos é culpa não apenas do governo que ele apoiava até o início deste ano, mas da gestão direta de seu vice, Alexandre Toledo, que foi secretário de Saúde do Estado de 2011 a 2013. “Este atendimento é terrível e depõe contra o Estado. O paciente chegar e ficar jogado no chão, porque não tem um leito para ele”, condenou Biu.

O padrão das críticas ainda mantém um bom nível de debate, prometido por ambos. Afinal, é possível expor as falhas dos adversários sem lançar mão da baixaria e de aspectos pessoais de cada candidato.

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