Um Brasil sem Collors, Renans e Sarneys: o discurso de Eduardo Campos
Uma frase de Eduardo Campos (PSB) – falecido em um acidente aéreo na semana passada, deixando a nação em estado de choque – tomou conta dos discursos de vários políticos pelo país: “Não vamos desistir do Brasil”.
Na estreia do guia eleitoral, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) – apesar das críticas que seu partido e militantes fizeram a Campos quando ele deixou a base de governo para ser candidato, chegando a chamá-lo de traidor – falou que mantinha uma relação de “pai e filho” com Eduardo Campos. O petista também usou a frase: “Não vamos desistir do Brasil”.
Campos também foi homenageado por diversos outros políticos, tanto no guia eleitoral, quanto pelo país afora. Mas, a frase de Campos de não desistir do país tinha complemento de ideias. Traduzir-se-ia na prática ou não? Será sempre um “se...”. Mas, para Campos – como se vê nas últimas gravações dele para o horário eleitoral – mudar o país e não desistir da nação simbolizava romper amarras com nomes tradicionais da política.
Nomes estes que sempre são justificados pelo bem da governabilidade e que – no final das contas – resulta no “toma lá, dá cá”. Em gravação para o programa eleitoral, Campos afirmava que seu grupo – o do PSB que agora se encontra encabeçado por Marina Silva - já assumia o compromisso de colocar políticos tradicionais como os senadores alagoanos Fernando Collor de Mello (PTB) e Renan Calheiros (PMDB), além de José Sarney (PMDB), na oposição.
O PSB terá coragem para adotar o mesmo discurso diante do novo quadro? É um ponto importante das ideias defendidas de Campos, mesmo ele já tendo feito parte do governo petista de Lula, que já contava com estes aliados. Eduardo Campos colocava em sua plataforma, com estas falas, o compromisso do combate ao tráfico de influência e do loteamento da máquina em função das alianças político-eleitorais.
Uma visão dele que atinge diretamente as relações políticas que foram mantidas tanto pela atual era petista, quanto pela era tucana, afinal, ao menos o PMDB sempre esteve como situação desde então.
A temática em si é essencial. “Eu e Marina somos os candidatos que já estamos mandando avisar pela imprensa: avisa aí ao Sarney, ao Renan e ao Collor que nós vamos chegar e eles vão para a oposição. Conosco eles não vão trabalhar. É preciso que tenha alguém que faça isso. Se não, não vai, se não, não tem jeito”, colocava Campos, em vídeo.
Dentro do discurso, ele ainda lembrava que esta prática de alianças se traduziu no excesso de ministérios do atual governo federal para atender – na visão de Eduardo Campos – aos “afilhados”. Eis uma parte do conteúdo implícito da frase “não vamos desistir do Brasil”. Uma citação tão repetida nos últimos dias.
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