Um dos espaços mais concorridos para quem deseja fazer um curso de línguas no estado, localizado na Praça Sinimbu, deve passar por mudanças, que preocupa professores e alunos. A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) deve cumprir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que obriga que todas as universidades federais deixem de terceirizar professores.

Os 50 docentes que trabalham nas casas de cultura, afirmam que estão com medo de serem demitidos e que as mudanças afetem a qualidade do ensino. “Estamos preocupados com as mudanças que o espaço pode passar. Os alunos podem ser prejudicados e nós poderemos perder nossos empregos”, reclama um professor que pediu para não ser identificado.

Eles se reuniram e confeccionaram uma carta pedindo ajuda à presidenta Dilma Rousseff. No documento, entre os vários pedidos, está a realização de concurso público para os professores da casa e a criação de uma associação supervisionada pela Ufal.

“Estamos nos articulando com apoio de deputados estaduais para tentar reverter essa situação. Além de prezar pelos nossos empregos, queremos um ensino de qualidade”, completa.

Na próxima semana, um grupo de professores e alunos realizam uma audiência pública no Ministério Público do Trabalho (MPT), para tentar negociar uma saída para os docentes.

TCU alerta sobre irregularidades há décadas

O espaço cultural e pinacoteca universitária, que abriga atualmente os cursos de inglês, espanhol, francês, alemão, italiano, latim e grego funciona com professores terceirizados. Há mais de uma década, o TCU emite pareceres convocando a Ufal a fazer a contratação de professores, a fim de evitar que o serviço seja terceirizado.

Em dos documentos datado de 2006, o Tribunal aponta que há “irregularidades no funcionamento dos cursos de língua estrangeira”, exigindo que seja feita a contratação de pessoal.

A notícia caiu como uma ‘bomba’ entre alunos dos cursos de línguas. Nas redes sociais, muitos começaram a protestar e questionar as mudanças que serão realizadas pela Ufal. Em uma carta que circula pela internet, há um relato sobre a atual situação das casas de culturas.

Em um dos trechos, ela afirma que o número de vagas para alunos novatos deve ser reduzido no segundo semestre, para se adequar às novas exigências do TCU e ao novo modelo que deve ser implantado.

“A Casa de Cultura Britânica está prestes a fechar! Vai ser o fim do ensino de qualidade, com um preço barato e acessível para todos os estudantes da universidade quanto para a comunidade em geral. Não devemos aceitar isso”, escreveu no Facebook a estudante Rose Monteiro.

Coordenação garante que cursos não serão prejudicados

O CadaMinuto entrou em contato, nesta quarta-feira (27), com Ildney Cavalcanti, coordenadora da Casa de Cultura Britânica e docente da faculdade de Letras da Ufal (FALE). Ela disse que a Universidade está estudando uma forma de fazer essa adequação de pessoal, mas garantiu que os cursos não fecharão as portas.

“A Ufal está estudando seis projetos, mas nenhum deles foi escolhido. Essa situação é comum a todas as universidades federais do Brasil e o TCU está pressionando para que o atual modelo de funcionamento seja extinto. Temos três anos para fazer essa adequação e parar de funcionar com professores terceirizados” disse.

Ildney disse também que várias reuniões estão sendo realizadas entre professores do espaço cultural juntamente com professores do curso de Letras da Ufal para conseguir chegar a um consenso.

“O impacto social com o fechamento de um espaço como esse é muito grande. Acredito que esse novo modelo vai dar certo, estamos trabalhando para isso”, concluiu.