Estudo aponta um médico para cada mil habitantes em Alagoas
Falta médicos, falta estrutura, faltam políticas que valorizam o profissional. Essas são algumas das falhas apontadas pelo estudo Demografia Médica no Brasil, divulgado essa semana pelo Conselho Federal de Medicina. O estudo traz um panorama da situação dos médicos em todo o país. Alagoas ficou abaixo da média nacional, registrando pouco mais de um profissional para cada mil habitantes.
O estudo aponta que dos quatro mil médicos que atuam em Alagoas, 94% deles estão na capital. A situação é crítica em todos os municípios do interior. Os dados divulgados mostram que 2.222.363 alagoanos moradores de cidades interioranas são assistidos por 231 médicos. Neste conjunto de municípios, a razão médico/habitante fica em 0,10.
O Conselho de Medicina afirma que o país é marcado por desigualdade na distribuição dos médicos. No ranking formulado pelo estudo, nosso estado aparece na 19ª posição em registro de profissionais.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina/AL, Fernando Pedrosa, o problema verificado em Alagoas se arrasta há algum tempo e depende de vontade política para ser resolvido.
“A partir do momento em que o governo do Estado e os prefeitos municipais fizerem concurso e implantarem o plano de cargo e carreira na área médica, com salário justo, acaba a mal distribuição dos profissionais. Infelizmente o próprio governo do Estado mantém contrato de boca, um mecanismo totalmente irregular, sem falar que o salário é vergonhoso, não atrai”, desabafou.
Reestruturação do sistema de saúde é a saída
A reversão desse quadro, no entendimento dos conselhos de medicina, passa pela adoção urgente de medidas estruturantes na assistência em saúde, como frisa Fernando Pedrosa.
Entre elas, constam a necessidade de adoção de políticas de valorização dos profissionais de saúde, o fim da precarização dos vínculos empregatícios e a implementação de planos de carreira, cargos e vencimentos. Além delas, as entidades defendem o aumento do investimento público no setor e a criação de uma infraestrutura que garanta instalações, equipamentos e insumos para o exercício da Medicina.
Outra proposta defendida pelo CFM prevê a criação de uma carreira de médico no âmbito do SUS como forma de estimular a fixação dos profissionais nas áreas consideradas de difícil provimento.
“As áreas que apresentam melhores condições de atração de médicos e demais profissionais também são as que possuem vantagens de infraestrutura, estabelecimentos de saúde, maior financiamento público e privado, melhores condições de trabalho, remuneração, carreira e qualidade de vida”, ressalta o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, um dos idealizadores da proposta de carreira de estado para o médico do SUS.
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