Eleições OAB/AL e a sujeira virtual (e real)

23/10/2012 09:19 - Geral
Por Candice Almeida

Estamos na reta final para as eleições da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas. Faltando um mês para as eleições é assim que a chamamos: “reta final”. Isso porque o pleito tem sido discutido, analisado e esmiuçado há alguns bons meses, para alguns candidatos há mais de um ano e para outros nunca deixou de ser tema recorrente.

Enfim, a intenção aqui é fazer um alerta, o mesmo que fiz há alguns meses pelas redes sociais sobre o uso de meios inidôneos para atacar a honra de candidatos ou trazer à tona ilações desabonadoras e incriminadoras.

Estas eleições têm um condão bem interessante, por ocorrerem logo após (e/ou concomitantemente) as eleições municipais nos incentiva a fazer comparações diuturnas.

Mas será que há honestidade numa comparação em que de um lado há 501 mil eleitores, só em Maceió, e do outro até 11 mil inscritos na OAB em todos estado de Alagoas? Destes 11 mil nem todos estão aptos a votar e outros simplesmente não se interessam pelo pleito. Se incidirmos o mesmo percentual de abstenção ocorrido no início deste mês de outubro, no pleito municipal – admitindo uma comparação -, contamos com cerca de 10 mil eleitores, fora os inaptos*.

Inicialmente, pode parecer desonesto fazer tais comparações, mas apenas se os números municipais fossem extremamente superiores aos da eleição de classe – aqui me refiro às campanhas. O que não ocorre.

Alagoas está abismada com os “investimentos” feitos pelas diversas candidaturas e o que tem sido suscitado pela imprensa e pela população é o que estaria em jogo?

Diante de informações que não são atribuídas a ninguém especificamente, mas apenas a um “operador do direito”, a imprensa já tem assumido que muitos destes candidatos visam “aparecer” e com isso fortalecer seus escritórios, uma vez que há restrições à publicidade da advocacia.

Mas seria esta a real razão? Só esta?

Confesso não ser capaz de responder a tais perguntas, mas caso a resposta seja afirmativa o lamento é profundo. Pois representação de classe deve ir além de interesses pessoais, e no caso da OAB deve ultrapassar os muros da Casa dos Advogados, isso porque os advogados são indispensáveis à administração da justiça.

As eleições de Ordem são realizadas entre pares, entre colegas, pessoas que no dia a dia se encontram nos fóruns, nas audiências e em todos os locais onde a Justiça seja necessária. E mesmo assim, sendo todos “conhecidos”, muitos verdadeiros amigos, o tom deste pleito há muito deixou de ser no campo das ideias, no debate de propostas, na viabilidade dos projetos, para se resumirem aos “disse-me-disse”, numa clara tentativa de desestabilizar o oponente frente à opinião dos eleitores; ou à afronta descarada, e aí bem pior que nas eleições municipais, por meios apócrifos, trazendo à tona ilações infundadas e não provadas, violando preceitos constitucionais basilares, como a vedação ao anonimato e os princípios da ampla defesa e do contraditório.

Este espaço não existe para lições de moral, de civilidade ou de educação doméstica, tudo isso os adultos e experientes profissionais que se metem em política de Ordem deveriam ter aprendido ainda nas bancas escolares e no cotidiano familiar.

O que se pretende é alertar aos eleitores (advogados públicos, privados, professores, consultores) sobre os caminhos que podem escolher, sobre o incentivo que inconscientemente fazemos pela curiosidade em torno dos emails que são trocados no submundo da advocacia, emails estes que faço questão de não receber e que aconselho aos que recebem que não os passe adiante.

Hoje a vítima é um candidato que não é o seu, mas amanhã pode ser o seu. Ou pior, pode ser você.

Esperar que a população de Maceió, desassistida, explorada, sem educação, vote consciente pode ser um sonho distante, mas acreditar que a classe de advogados votará de acordo com o que esperam da OAB, com a representatividade que sonham e com a transparência que deve vir aliada à moralidade na condução daquilo que não é privado, mas da classe, não é sonho, é certeza de que a profissão escolhida foi a certa e que os colegas advogados são mais que rábulas a pensar no próprio bolso, são prestadores de um serviço que é público, exercem uma função social.

 

*Estima-se que serão pouco mais de 5 mil votantes.
 

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