Dia das crianças? E onde estão as crianças?

14/10/2012 19:12 - Geral
Por Candice Almeida

Nestes últimos dias vimos todos os tipos de declarações de amor e juras eternas de devoção aos filhos. O Dia das Crianças desperta nos pais mais que uma corrida desenfreada às lojas de brinquedos e de roupas, mas também uma súbita necessidade de declarar o amor que sentem por sua prole.

Não são raras as vezes em que nos deparamos com relatos de pais e mães “abobalhados” com as respostas dos filhos, com suas atitudes e saídas incríveis de situações que imaginávamos definitivas.

Orgulhosos, pais, tios, avós e os adultos em geral, proclamam as virtudes de suas crianças, ostentando-as como troféus e incentivando atitudes “tão maduras”. Mas quantos param para pensar no que é que tem levado seus filhos a tal comportamento tão distinto de gerações mais recentes?

Confesso que eu nunca havia parado para pensar a respeito, e semana passada fui sacudida por um documentário chocante sobre o mundo real dessas crianças tão adultas dos dias de hoje. Verdadeiros “mini me”. Veja Aqui.

Por que será que há alguns anos as meninas eram as “mães” de suas bonecas e hoje querem ser “iguais” às novas bonecas?

A influência da televisão na vida dessas crianças é algo incrível. A TV é hoje a maior companheira da maioria dos meninos e meninas. Pais envoltos com o trabalho e programas que “prendem” a atenção das crianças, permitindo que babás tenham maior tempo livre e menor preocupação, podem ser algumas das explicações.

Mas também tem o comportamento dos pais, que optam por fazer de seus filhos suas miniaturas, despertando-lhes o desejo por objetos que não lhes representa qualquer atração até lhes serem apresentados, como um tênis “Ferrari”, uma bolsa “hollister” ou qualquer outro objeto que para pais representam “status” e que passam a ser “status” quando usados pelos filhos – estes, os filhos, se tornaram os atuais objetos de contemplação social dos pais.

Por incrível que pareça, com o presente texto não intenciono condenar pais, filhos, babás, tios, avós ou professores, mas tão somente despertar os leitores para o comportamento das crianças que os cercam.

As necessidades que surgem repentinamente, a satisfação efêmera com o objeto de desejo que pediu tanto, mas que logo perdeu o interesse são apenas algumas das situações que devem ir além da estranheza. Incentivar o consumo nas crianças é prejudicial para elas, que perdem um período importantíssimo da vida – a infância e suas descobertas –, mas também para os pais, que são diuturnamente impelidos a satisfazer as necessidades cada vez maiores de seus filhos, comprometendo até orçamentos familiares.

A ideia é fazer com que o amigo leitor pense a respeito e procure escolher o presente e o futuro que deseja para seu filho. Às vezes somos levados a situações que nem notamos, simplesmente aceitamos, vemos que os filhos dos vizinhos e amigos comportam-se do mesmo jeito e nos conformamos com a “modernidade” e seus efeitos, mas antes que a legislação mude – o que deve ser difícil por conta dos poderes envolvidos com a publicidade infantil – devemos analisar por nós mesmos o contexto social em que vivemos e em qual queremos viver.

Ensinar as nossas crianças o valor da infância, das brincadeiras e da troca de brinquedos usados, em detrimento do consumo exagerado e injustificável é mais que um favor a si mesmo é um gesto de amor ao seu filho.

 

 

Obs.: O Procon Alagoas iniciou uma campanha “brincar é melhor que comprar” e não sem razão, afinal a maioria das crianças de hoje preferem ir ao shopping, gastar, do que brincar com os amigos; preferem ser pessoas ricas, para comprar, a terem mais tempo com os próprios pais. A situação, por mais imperceptível que seja, é preocupante.
 

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