Enquanto todo o país intensifica suas lutas pela assistência humanizada a gestantes, Alagoas escancara um verdadeiro caos nas maternidades, ora fechadas, ora com cenas graves de falta de estrutura e desrespeito às parturientes. Em busca de um mínimo de coerência por parte do serviço público, o grupo Roda Gestante realiza uma mobilização neste sábado, 4, a partir das 11 horas, em frente à Maternidade Escola Santa Mônica. Domingo, 5, o movimento estará na orla da Pajuçara, na Avenida Silvio Viana, por volta das 15 horas.

A mobilização pelo parto humanizado em Alagoas integra a Marcha Nacional pela Humanização do Parto, que acontece em vários estados do País. Os eventos buscam orientar as mulheres, cidadãs e cidadãos em geral, sobre os direitos a uma assistência já fundamentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os requisitos para um real parto humanizado incluem: informações claras sobre os riscos e indicações para cesarianas, cujo número está muito acima dos 15% preconizados pela OMS; escolha do local onde parir – o que inclui o parto domiciliar; direito a acompanhante antes, durante e após o parto; direito a posicionar-se como achar melhor e ingerir chás ou alimentar-se caso sinta necessidade; uma doula e métodos não medicamentosos para alívio das contrações, como banho quente, massagem, etc.

Em Alagoas, entretanto, não só esses direitos são violados como tornam-se ‘meros detalhes’ em meio aos crimes contra a vida cometidos frequentemente pelos órgãos públicos. Greve de profissionais, fechamento de unidades e superlotação têm transformado o nascimento de muitas crianças em momentos aterradores. Não são poucas as imagens e notícias divulgadas semanalmente, que estampam mulheres e recém-nascidos deitados ao chão, em corredores dos hospitais, ou gestantes em trabalho de parto que realizam uma verdadeira peregrinação em busca de assistência básica.

As mobilizações que ocorrem neste fim de semana reivindicam, portanto, não só um atendimento humanizado, que inclui a divulgação de informações claras e baseadas em evidências científicas sobre o parto, como a busca para que essa assistência se estenda a todas as mulheres, sejam elas clientes de planos de saúde particulares ou do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sobre o grupo Roda Gestante

O grupo Roda Gestante realiza reuniões destinadas a mulheres e casais grávidos, mães, profissionais e qualquer pessoa interessada em assuntos como parto, gestação, amamentação e maternidade em geral. O grupo foi fundado para incentivar a troca de informações e a tomada de decisões conscientes pelas gestantes.

As reuniões - que acontecem quinzenalmente e gratuitamente em uma clínica na Jatiúca - são organizadas por ativistas pela humanização do parto e nascimento. A Mobilização pela Humanização do Parto em Alagoas é liderada pelo Roda Gestante, e espera contar com o apoio de diversos outros grupos ligados à saúde pública no estado. Os contatos da organização são Andrezza Souto (82.9103.7659 e 82.9658.1661), Fernanda Café (82.8884-6962 e 82.9107.3111), Bárbara Rose (82. 8805-1013) e Wanessa Oliveira (82.9199-8717).