Autor de atentado contra desembargador foi ajudado por políticos alagoanos

27/11/2010 03:40 - Polícia
Por Redação
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O secretário de Segurança Pública do Estado de Sergipe, João Eloy de Menezes, confirmou ontem que o alagoano Floro Calheiros foi o autor do atentado contra o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o desembargador Luiz Mendonça, acontecido no último dia 18 de agosto.

A polícia de Sergipe prendeu em Pernambuco três integrantes do bando de Calheiros, que fugiu de uma penitenciária de Sergipe em 2008. Dois dos presos, Alessandro de Souza Cavalcante, conhecido como ‘Bili’, e o ex-policial Clodoaldo Rodrigues Bezerra, conhecido por ‘Bezerra’, confessaram a participação no crime e confirmaram Floro Calheiros como mandante, dando detalhes da execução.

“Eles disseram que Floro afirmou ser inimigo pessoal de Luiz Mendonça e que o desembargador deveria ser morto onde quer que fosse encontrado, mas não podemos dar mais detalhes agora”, disse João Eloy.

Os outros dois presos são Antônio Ivandro do Nascimento, ex-policial civil da Bahia conhecido por ‘Nem’ – ainda não se sabe se ele participou do atentado – e um homem conhecido como ‘Ricardinho’, o último a ser encontrado. ‘Ricardinho’ participou do resgate do Floro no Hospital São Lucas em dezembro de 2008. “Já sabemos quem mandou, temos as provas e no momento certo a polícia vai falar. As investigações continuam, não vamos descansar enquanto Floro Calheiros não for preso”, avisou João Eloy.

Os três pistoleiros presos na tarde de ontem estavam num Fiesta de cor preta. O carro estava licenciado em nome da também alagoana Francisca Calheiros, irmã do pistoleiro Floro Calheiros

As causas do atentado

O desembargador Luiz Mendonça confirmou que a primeira ameaça de morte que recebeu em 2001 teria sido motivada pela investigação que ele comandou como promotor de Justiça no município de Canindé de São Francisco, a cerca de 200 quilômetros da capital de Sergipe.

Na época, a investigação revelou um esquema de desvio de dinheiro público e corrupção em vários estados do Nordeste, inclusive Alagoas, envolvendo Floro Calheiros, que era figura recorrente na Casa de Tavares Bastos, onde chegou a trabalhar no gabinete de um deputado alagoano.

A ajuda “importante”

Floro Calheiros, que também trabalhava como agiota, emprestou dinheiro a alguns parlamentares alagoanos e assessores e tinha amizade com fazendeiros e pecuaristas, principalmente do Sertão, que durante a década de 80 pagaram a ele para capturar e “afugentar” ladrões de gado, em um grupo de extermínio que chegou a ser citado na CPI da Pistolagem.

O Desembargador não seria a primeira autoridade que foi vítima de Floro. Ele é apontado como o mandante do assassinato do empresário e ex-deputado estadual baiano Maurício Cotrim Guimarães, 59 anos, crime ocorrido no dia 14 de setembro do ano passado, enquanto a vítima caminhava numa praça na cidade de Itamaraju, sul do Estado da Bahia. Calheiros também é apontado como responsável pelo assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa, o Nego da Farmácia, em janeiro de 2003 entre outras dezenas de crimes.

Ele ficou alguns dias na casa de um prefeito do sertão alagoano, quando fugiu pela segunda vez em dezembro de 2008 das dependências do Hospital São Lucas, em Aracaju, e até hoje não foi recapturado.

O Cadaminuto apurou que a polícia sergipana apontou, para autoridades policiais alagoanas, um deputado alagoano com mandato como uma das pessoas que ajudaram Floro Calheiros a se manter longe da prisão.

As informações passadas por duas diferentes fontes ainda relatam uma certa coincidência na rota de fuga de Floro e do Cabo PM Everaldo, o pai de Eloá, que foi preso em dezembro de 2009, após passar 11 anos rodando o Brasil e outros países fugindo da polícia.

Apesar de não ter sido informado pelo secretário Eloy na Coletiva a imprensa sergipana, por duas vezes Floro ficou perto de ser recapturado, uma delas em Alagoas durante uma visita a familiares e outra em Minas Gerais, onde tinha se estabelecido em uma situação onde chegou a haver troca de tiros entre o grupo do alagoano e a polícia.

Com a prisão do grupo toda a rota de fuga utilizada por Calheiros deverá ser destrinchada e os nomes de alguns alagoanos poderão aparecer nesta relação.
 

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